tag:blogger.com,1999:blog-34673471449427646062024-02-07T16:46:43.784-08:00O Castelo das ÁguiasConheça o universo fantástico de Athelgard e sua surpreendente Escola de Magia!Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.comBlogger350125tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-10039830072985012372022-04-27T10:10:00.003-07:002022-04-27T10:10:27.796-07:00Os Pilares de Melkart : Metas Estendidas<p> Evoé! Tenho o prazer de anunciar que nossos navegadores chegaram ao porto!!!</p><p>Muito obrigada, de coração, a todos que apoiaram, divulgaram e torceram pra que a gente conseguisse.</p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8eoCRJqgKiWsHdy1ideSi33gpZWP8o_I1M1Ugvhqa1C7EQS87WQ7wdiW0YeSu-Gr4zPPacMhMrPyPPdzF-wYI0tCEtuG7O6RvksjQdRotyVu4lVyMky0R2GGO9xhMJhJnKARysAa7A9NM7VdafZjBcle0gfSzI00rooaP42LyxQOzamrvvA/s1440/Pilares%20100%25.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1440" data-original-width="1440" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8eoCRJqgKiWsHdy1ideSi33gpZWP8o_I1M1Ugvhqa1C7EQS87WQ7wdiW0YeSu-Gr4zPPacMhMrPyPPdzF-wYI0tCEtuG7O6RvksjQdRotyVu4lVyMky0R2GGO9xhMJhJnKARysAa7A9NM7VdafZjBcle0gfSzI00rooaP42LyxQOzamrvvA/w400-h400/Pilares%20100%25.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustra de Nilo Nobre</td></tr></tbody></table><br /><div>Mas, embora tenhamos chegado ao primeiro porto, a viagem não terminou! </div><div><br /></div><div>Até o dia 6 de maio, lutaremos pelas metas estendidas de "Os Pilares de Melkart", que serão enviadas a todos os apoiadores. Começaremos com marcador e postal, depois virão e-books de duas Novelas de Cartago (histórias de Balthazar que se passam antes das viagens narradas no livro), ilustras exclusivas do Erick Sama e, se atingirmos 200%, um LIVRO IMPRESSO EXTRA contendo as duas novelas!! </div><div><br /></div><div><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ8eDfIaDMJHWNB7BnxA6olWL3qrSuZYFBNWv4Ta-T7XMMSzgPngxdSuz1P2N8LBv1vPNkfbIed2ERy-Lb9T83WOWO2P7tGM8aVrePc9U5wOTD0_bkW9cyaYvozZf4aCzn1qBT75LY19xCG7C6kU75hWfQs9Y05UD_QiJtCcVCKfZo0SIq_w/s1134/Pilares%20Metas%20extra.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1134" data-original-width="728" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ8eDfIaDMJHWNB7BnxA6olWL3qrSuZYFBNWv4Ta-T7XMMSzgPngxdSuz1P2N8LBv1vPNkfbIed2ERy-Lb9T83WOWO2P7tGM8aVrePc9U5wOTD0_bkW9cyaYvozZf4aCzn1qBT75LY19xCG7C6kU75hWfQs9Y05UD_QiJtCcVCKfZo0SIq_w/w256-h400/Pilares%20Metas%20extra.jpg" width="256" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"></td></tr></tbody></table><div><br /></div><div>Se você não apoiou, este é o momento - dá até para aproveitar e adquirir os livros de Athelgard e as coletâneas. Se apoiou, continue a dar uma força na divulgação, para chegarmos o mais longe possível. Quanto mais metas alcançarmos, mais recompensas para todos!</div><p>Acesse <a href="https://www.catarse.me/pilares">a página do projeto</a> e nos ajude a ir mais além!</p>Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-6227062504384849472022-04-10T15:10:00.001-07:002022-04-10T15:10:06.971-07:00Os Pilares de Melkart: Nova Campanha no Catarse<p> Gente amiga, chegou a hora de compartilhar algo que venho preparando há muito tempo.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"> Os livros de Athelgard têm ambientação medieval, mas vocês devem saber como sou fascinada, também, por Mitologia e pelos épicos antigos. Alguns talvez já conheçam os personagens que criei em cenários da Antiguidade e trouxe para os meus contos: Balthazar, o pirata e capitão mercante fenício, e o sonhador heleno Lísias. Agora, estou pronta para publicar um primeiro volume contendo as histórias da dupla, que vai levá-los a diferentes épocas e cenários do Mundo Antigo, desde a Creta de Minos à Jerusalém do Ano Um, passando por Tartessos e pelos bastidores do teatro grego.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5iybyqITSVWNpB1eDZOd_C92dKflY6fskxG7B5-0e9CgkEYPfVvEi-ZG3BgaXUmeW1nVuSX6cJqTgkzqoRej9fuldQYYm4Szk0g-Qb3xbUrjp4pWlXpuSOO2Gv_SsikV4Bi1QyQKy3nK1umS0szhEtOvyFOYHg85dXL6sMyQdzZ-cARwNjw/s667/card.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="667" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5iybyqITSVWNpB1eDZOd_C92dKflY6fskxG7B5-0e9CgkEYPfVvEi-ZG3BgaXUmeW1nVuSX6cJqTgkzqoRej9fuldQYYm4Szk0g-Qb3xbUrjp4pWlXpuSOO2Gv_SsikV4Bi1QyQKy3nK1umS0szhEtOvyFOYHg85dXL6sMyQdzZ-cARwNjw/s320/card.jpg" width="320" /></a></div><p><br /></p><p class="MsoNormal"> Junto com a Editora Draco, preparei uma campanha onde explico tudo sobre o projeto. Vocês poderão perceber que é um trabalho bem elaborado, que requereu muita pesquisa, mas também contou com a minha imaginação e o meu desejo de, antes de tudo, contar boas histórias repletas de fantasia, aventura e um pouco de humor.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"> Convido vocês a visitar <a href="https://www.catarse.me/pilares">nossa página no Catarse</a> e, se curtirem, a apoiar, não apenas com a aquisição do livro ou dos combos (o que, claro, seria fantástico!), mas também com divulgação, compartilhamentos, boca a boca...<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tudo para levar nossos navegadores o mais longe possível.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"> Que as Musas nos sorriam, pois aqui vamos nós!</p>Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-58866127113356120462021-04-25T09:20:00.002-07:002021-04-25T09:29:19.287-07:0010 Anos de O Castelo das Águias<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKnU0d9AReYfmMdES2JEqPaCy_aXg1dO7gMVeveBhhsWrSF9m-drigtvscteF8knK_bO5_s9GqYqvz9-E9Q9dJbutrOisKPjyiNTTO7sQgFGAGaR4u6_sfW1T_OiZmsySxVItUlnpSkQ/s2048/Selo+Ana+10+Anos+2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1829" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKnU0d9AReYfmMdES2JEqPaCy_aXg1dO7gMVeveBhhsWrSF9m-drigtvscteF8knK_bO5_s9GqYqvz9-E9Q9dJbutrOisKPjyiNTTO7sQgFGAGaR4u6_sfW1T_OiZmsySxVItUlnpSkQ/w358-h400/Selo+Ana+10+Anos+2.jpg" width="358" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal">Esta semana marca um acontecimento muito especial na minha
vida. Foi quando lancei “O Castelo das Águias”, primeiro livro da chamada Trilogia Athelgard, pela Editora Draco. </p>
<p class="MsoNormal">Muitas pessoas imaginam que esse foi meu primeiro livro. Na
verdade, eu tinha publicado três livros independentes, dois dos quais haviam
encontrado “casa” em outras editoras. Também estava começando a publicar contos
em coletâneas – inclusive foi assim, participando da “Imaginários”, que conheci
o Erick Santos, editor da Draco. No entanto, “O Castelo das Águias” acabou por
ser meu livro mais conhecido até agora, pelo menos dentro do “nicho” que
consome fantasia nacional, e um divisor de águas na minha carreira literária,
por várias razões:</p>
<p class="MsoNormal">- Porque se passa no universo Athelgard, que reúne boa parte
das minhas histórias;</p>
<p class="MsoNormal">- Porque foi o primeiro a ser reescrito a partir de leitura
crítica (da Ana Cristina Rodrigues e depois do próprio Erick), tendo em mente a
ideia de que era um produto editorial e deveria dialogar com o público-alvo;</p>
<p class="MsoNormal">- Porque, ao contrário dos anteriores, saiu por uma editora
de fato voltada para leitores do gênero fantástico, e teve uma repercussão
maior entre eles;</p>
<p class="MsoNormal">- Porque a recepção desse público mais específico, e que com
mais frequência trouxe algum feedback, forneceu parâmetros para eu reescrever
os livros seguintes da série com muito mais segurança e melhorar como escritora
(ao menos assim espero);</p>
<p class="MsoNormal">- Porque marcou o início do meu relacionamento com a Editora
Draco, que apostou no meu trabalho como escritora e antologista e me apoiou na
construção de uma carreira dentro da Literatura Fantástica nacional. </p>
<p class="MsoNormal">Agora, tendo acabado de republicar “O Caçador”, esse sim,
meu primeiro livro, muitas vezes me pergunto se deveria fazer a mesma coisa com
o “Castelo”. Rever, reescrever, reeditar com alterações que me ocorreram ao
longo do tempo, a partir de múltiplas leituras. Tenho certeza de que o livro
ganharia com isso, e é provável que eu o faça dentro de mais alguns anos, não
só com ele mas com toda a trilogia, embora o livro 1 mereça um cuidado especial.
O que quer que aconteça, porém, sempre terei muito carinho por “O
Castelo das Águias”, portal de entrada para o universo Athelgard, e por seus habitantes,
que me ajudam a combater meus demônios, a descobrir trilhas secretas e a
compartilhar minhas histórias vividas e sonhadas.</p>
<p class="MsoNormal">Pela Magia e pela Arte! Que venham as próximas!</p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;">***</p><p class="MsoNormal">(Ilustra de Hidaru Mei)</p><p class="MsoNormal"><br /></p>Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-24905551684522419702021-01-21T14:58:00.002-08:002021-01-21T14:58:09.116-08:00Lobos da Fantasia : Minha Campanha no Catarse<p>Pessoas Queridas, </p><p>Sim, tenho estado ausente. Mas há uma boa razão, e esta é a surpresa que eu estava preparando para vocês, junto com a Editora Draco. </p><p>Faz 25 anos, nada menos, mas ainda me lembro da emoção que foi colocar o ponto final no meu primeiro livro. "O Caçador" era uma história de fantasia baseada em contos de fadas tradicionais e eu tinha posto toda a minha alma nele. </p><p>O livro demorou dez anos para ser publicado como independente e mais quatro para ganhar uma casa, a Franco Editora, que fez um ótimo trabalho. Mas esse ciclo se encerrou - e, como na natureza, acaba de recomeçar!</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsKsWoDHySXRdaRviAMK1juBKBNHOXBDH8dly49Mx_HR_vavJVtf10ZAjBAPMf-_yVjcfIE1cs2D-Vyw5z7ieCVsVJGiNSC-KYA6Jf2RLSVe4O3Ou35QkPOdzB2nPKD2u-k-ik3fB2b1I/s1280/Capa+O+Ca%25C3%25A7ador.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="872" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsKsWoDHySXRdaRviAMK1juBKBNHOXBDH8dly49Mx_HR_vavJVtf10ZAjBAPMf-_yVjcfIE1cs2D-Vyw5z7ieCVsVJGiNSC-KYA6Jf2RLSVe4O3Ou35QkPOdzB2nPKD2u-k-ik3fB2b1I/s320/Capa+O+Ca%25C3%25A7ador.jpg" /></a></div><br /><p>A edição que comemora os 25 anos de "O Caçador" vem atualizada e com essa belíssima capa, desenhada pelo Erick Sama. Entra agora em campanha no Catarse -- uma campanha que chamamos de <b><a href="https://www.catarse.me/lobos">Lobos da Fantasia</a> </b>-- acompanhada de outro livro, escrito a quatro mãos com Allana Dilene, em que as referências são os clássicos de aventura escritos por Jack London.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZro87KtmZgv650isebuGxGOtJjarWRSQ3JDnJhJpWHTJfteYNFEVqdic4jb6UMXZcwhXhBb5hI26zx8Lual7h92Os7Ad5OpTDzE23JRjn_FjIi51PkQhxeNHpPjJV3GEr45trBwZWkdo/s1280/Capa+Jack+London+e+a+Criatura+de+Salmon+Pond.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="872" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZro87KtmZgv650isebuGxGOtJjarWRSQ3JDnJhJpWHTJfteYNFEVqdic4jb6UMXZcwhXhBb5hI26zx8Lual7h92Os7Ad5OpTDzE23JRjn_FjIi51PkQhxeNHpPjJV3GEr45trBwZWkdo/s320/Capa+Jack+London+e+a+Criatura+de+Salmon+Pond.jpg" /></a></div><br /><p>Na campanha existe a possibilidade de adquirir meus outros livros, as coletâneas que organizei e, ainda, outras obras de fantasia da Draco. O pacote vem com marcador, postal e cupom de desconto. Tão logo seja batida a meta inicial, anunciaremos várias outras, que irão para todos ao apoiadores. </p><p>Assim, convido vocês a mergulhar nesse mundo de aventura, mistério e contos de fadas, e também a celebrar comigo essa jornada que já dura um quarto de século. Pela Magia e pela Arte!</p>Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-13020114478463537042020-06-23T16:25:00.000-07:002020-06-23T16:25:46.673-07:00Duendes : Vencedor do Prêmio Le BlancPessoas Queridas,<br />
<br />
No dia 20 de junho aconteceu a live que anunciou o Prêmio Le Blanc, organizado pela ECO/UFRJ e pela UVA - Universidade Veiga de Almeida.<br />
<br />
Após os votos populares terem determinado os finalistas, um júri técnico ligado a cada área entrou em ação. Foram premiadas várias categorias de quadrinhos, tirinhas, trabalhos de animação e, ainda, o melhor romance e a melhor coletânea de Literatura Fantástica publicados em 2019. Eeeee...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiqypGH-0WJjgokTaQZGfLdwdQ-MJ-g3X3qaS8lAFzXcP48ScuT4nKrVmAp9EyOHSuxtXe0lcdX3Uw6C6H_QUCp3O3RJ6sEMeP6RmIAqTWdZhng3rlsckhn3MON-hlsmSbqiwjLCt0XOk/s1600/Duendes+vencedor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="467" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiqypGH-0WJjgokTaQZGfLdwdQ-MJ-g3X3qaS8lAFzXcP48ScuT4nKrVmAp9EyOHSuxtXe0lcdX3Uw6C6H_QUCp3O3RJ6sEMeP6RmIAqTWdZhng3rlsckhn3MON-hlsmSbqiwjLCt0XOk/s640/Duendes+vencedor.jpg" width="312" /></a></div><br />
Sim! <b><a href="https://editoradraco.com/produto/duendes-contos-sombrios-de-reinos-invisiveis-ana-lucia-merege-org/">Duendes</a></b> levou o prêmio! <br />
<br />
Quero agradecer muitíssimo ao Erick e ao Raphael, da Editora Draco, aos autores que colaboraram com o livro e aos apoiadores que o adquiriram no Catarse, bem como a todo mundo que leu, divulgou, resenhou e se interessou de alguma forma. A vitória é de todos esses e não apenas minha. <br />
<br />
Para os que quiserem assistir à cerimônia, conhecer os outros vencedores e me ver pagar mico online, a live está disponível no <b><a href="https://www.instagram.com/p/CBrKBw-Dvya/">Instagram</a></b>. <br />
<br />
Aqui, uma prévia do livro, com seu interior e alguns trechinhos dos onze contos, no site do <b><a href="https://www.omelete.com.br/quadrinhos/duendes-leia-uma-previa-do-livro-que-reune-contos-de-fantasia-sombria">Omelete</a>. </b><br />
<br />
E como eu seu que você gostou e vai querer comprar, aqui vão os links para a obra no <b><a href="https://editoradraco.com/produto/duendes-contos-sombrios-de-reinos-invisiveis-ana-lucia-merege-org/">site da Editora Draco</a></b> e na <b><a href="https://www.amazon.com.br/Duendes-Contos-Sombrios-Reinos-Invis%C3%ADveis/dp/8582432690/ref=sr_1_3?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=Duendes&qid=1592952586&sr=8-3">Amazon</a></b>.<br />
<br />
Espero que vocês gostem, e... Ai, como estou feliz! Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-89248071621945240332020-05-14T14:28:00.002-07:002020-06-02T13:05:27.421-07:00Na Mesa do Escritor: Coluna no Blog Ficções Humanas<br />
Pessoas Queridas,<br />
<br />
Venho contar pra vocês uma novidade muito legal: estou responsável por uma coluna do blog Ficções Humanas, aquele das resenhas e dicas literárias incríveis!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkhTdMl2FmknkIElQHvTQw3hl1V8LXfnbsVPOfUcixASgCUPMr6yrPEyCnZUgJ7sOd6mArqLk12OwrmvM6tvG3QhCUEd2SZn-RMF_yVqQMZwD9Mue3uYGz1LzDuxq4JT8ML-naH3kflaI/s1600/Na+Mesa+do+Escritor+Logo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="598" data-original-width="589" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkhTdMl2FmknkIElQHvTQw3hl1V8LXfnbsVPOfUcixASgCUPMr6yrPEyCnZUgJ7sOd6mArqLk12OwrmvM6tvG3QhCUEd2SZn-RMF_yVqQMZwD9Mue3uYGz1LzDuxq4JT8ML-naH3kflaI/s200/Na+Mesa+do+Escritor+Logo.jpg" width="196" /></a></div><br />
O convite foi feito pelo Paulo Vinícius, e a ideia é compartilhar um pouco da minha experiência como escritora e organizadora de coletâneas. Os assuntos serão os mais variados, indo desde a construção de mundos e personagens até questões ligadas ao mundo editorial.<br />
<br />
Os dois primeiros artigos já foram publicados, e vocês podem conferi-los aqui:<br />
<br />
<br />
<b><a href="https://www.ficcoeshumanas.com.br/post/na-mesa-do-escritor-apresenta%C3%A7%C3%A3o">Apresentação</a></b><br />
<br />
<b><a href="https://www.ficcoeshumanas.com.br/post/na-mesa-do-escritor-essa-tal-de-pesquisa">Essa Tal de Pesquisa</a></b><br />
<br />
<br />
Espero que vocês passem por lá, deixem comentários e sugestões para textos futuros. Vou adorar!<br />
<br />
E fiquem com a famosa "mensagem que eu deixo para meus leitores"...<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXHsfoh21u7RIUapJ9D_ownyWQpZmcMjmbYCaNIlTCBVGoPAH6EKk2q3kdo-MDL166x7ldKVg10_bZ8UMTJJ64YhWvuh4KWnC0VMrriz5vwTggHocL69XTEfkY3PhZnLHKxrNn7R_aEuI/s1600/Banner+Fic%25C3%25A7%25C3%25B5es+Humanas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="331" data-original-width="823" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXHsfoh21u7RIUapJ9D_ownyWQpZmcMjmbYCaNIlTCBVGoPAH6EKk2q3kdo-MDL166x7ldKVg10_bZ8UMTJJ64YhWvuh4KWnC0VMrriz5vwTggHocL69XTEfkY3PhZnLHKxrNn7R_aEuI/s400/Banner+Fic%25C3%25A7%25C3%25B5es+Humanas.jpg" width="400" /></a></div><br />
Até breve, aqui ou no blog Ficções! Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-28943298200618829892020-04-26T15:38:00.001-07:002020-04-26T15:38:09.812-07:00Um Artista no Castelo (Epílogo)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O dia em que inauguraram o anfiteatro entrou para os anais do Castelo das Águias. Foi no solstício do inverno, ao fim do segundo ano de fundação da Escola de Artes Mágicas, e a primeira peça apresentada foi uma criação de Cyprien de Pwilrie. Guedésio, o velho avarento, foi vivido por Donovan, a maga poderosa por Marla; as crianças arrancaram aplausos em seu entreato como duendes, e Elina ficou nos bastidores com Cyprien, ajudando-o a soprar as falas esquecidas. Além da peça, houve também um ritual, e tudo terminou com uma festa, à qual compareceu um visitante trazido ao Castelo por Thalia. Era Shanion de Ardost, um experiente Mestre de Sagas, que começou suas aulas dois ou três dias após o solstício e dirigiu todas as peças até deixar a Escola, anos depois, para se casar com a jovem escolhida para ele pela família. Então veio Anna de Bryke, e o anfiteatro voltou a se encher de risos e brincadeiras, como acontecera durante a breve estadia de Cyprien.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrOx12L2XIp6nedlqbFmC2ia4Wjs2EA-bS289mTPvF5-XcJfGXJZpMetRnKXDVIkRZRwrVi7ysW5CAgAyYg4p4bWxScemXKxWLsciw6ZNppCCHpa2X92r2dhkbL_0fYGt_RSgABXR8F7o/s1600/Cyprien+cores.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1138" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrOx12L2XIp6nedlqbFmC2ia4Wjs2EA-bS289mTPvF5-XcJfGXJZpMetRnKXDVIkRZRwrVi7ysW5CAgAyYg4p4bWxScemXKxWLsciw6ZNppCCHpa2X92r2dhkbL_0fYGt_RSgABXR8F7o/s400/Cyprien+cores.jpg" width="281" /></a></div><o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O saltimbanco não ficou por muito tempo mais em Vrindavahn. Tomas e sua família insistiram que o fizesse, assim como os aprendizes, especialmente a menina que ele chamava de Pardalzinho; mas Cyprien tomara uma decisão, e não era de seu feitio voltar atrás. Ainda passou um quarto de lua ensinando malabarismo, mas sua intenção era apenas ganhar mais algum dinheiro, e com isso pagar uma passagem de barco até Pwilrie. Então, quando ficou claro que iria mesmo embora, Hector organizou um jantar de despedida, e foi quando Theoddor e Cyprien se encontraram pela última vez. Não houve confidências, como na ocasião anterior, mas os dois riram juntos e ergueram vários brindes ao longo da noite.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando ficaram meio altos, foram até lá fora, onde se demoraram tomando um pouco de ar fresco. Sobre o que conversaram, se é que o fizeram depois de todo aquele vinho, Theoddor não contou em seu diário, apenas lamentou o fato de ter bebido demais e dado pouca atenção ao amigo que estava de partida. Também observou que o jovem estava mais calado que de costume, e que fitou durante um longo tempo o cata-vento que girava sobre o telhado. Quanto ao próprio Cyprien, não tinha como manter um diário, mas suas lembranças dessa noite ficaram para sempre misturadas às de sua chegada em Vrindavahn, com a dor da rejeição ainda recente e a pulseira de tinta azul. Esta, agora, estava apagada, como grande parte da raiva e da tristeza que trouxera de Madrath, e muito disso se devia a Theoddor e seu Castelo das Águias; mas na verdade tinha sido ali, admirando a obra singela de Hector, que ele pensara pela primeira vez em regressar a Pwilrie.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Voltar para o Povo Alto, vivenciar as lutas cotidianas ao lado de seus amigos. Usar sua arte em favor deles, e -- sim, montar um cata-vento bem colorido no alto de sua casa no Labirinto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Quando os ventos da mudança soprassem, ele já estaria lá. <o:p></o:p></span></div><br />
<i>Imagem: Cyprien retratado por <b><a href="https://www.facebook.com/angeshopart/">Angela Takagui</a></b>.</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/04/um-artista-no-castelo-parte-15.html">Parte 15</a></b><br />
<br />
****<br />
<br />
Espero que tenham curtido esta história do Cyprien! <br />
<br />
Querem saber o que foi feito dele uns anos depois? Cliquem <b><a href="https://www.amazon.com.br/jogo-do-equil%C3%ADbrio-Athelgard-ebook/dp/B0096DWVAY/ref=sr_1_2?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&keywords=Jogo+do+Equil%C3%ADbrio&qid=1587940624&sr=8-2">aqui</a></b>!<br />
<br />
E até a próxima - que não irá demorar! Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-69631490046291495142020-04-13T16:57:00.000-07:002020-04-26T15:38:59.883-07:00Um Artista no Castelo (Parte 15)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu acho que... Bom, sim, eu falo do que sinto. – Respirou fundo, pondo os pensamentos em ordem; preferia não ter essa conversa, mas não havia como escapar. – A arte mostra essas coisas, mostra as injustiças e o que gostaríamos que acontecesse para acabar com elas. E houve um tempo em que pensei em fazer mais do que isso, mas agora... não estou certo nem sequer sobre voltar a viver em Pwilrie.<o:p></o:p></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUXV5eLwR2jeAX69-TaMH8nsynYxG9KtyRKelZXLg0xVpUuQTVmpFn38O84SwoLchGqOahv0g8_VG9ZoPZ4vVpXmX1yX2LqYs4qubbFPL5UMy4IfcPUE-bxK6f1boowMOvKnyrZd8DEg4/s1600/Cata-vento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="1200" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUXV5eLwR2jeAX69-TaMH8nsynYxG9KtyRKelZXLg0xVpUuQTVmpFn38O84SwoLchGqOahv0g8_VG9ZoPZ4vVpXmX1yX2LqYs4qubbFPL5UMy4IfcPUE-bxK6f1boowMOvKnyrZd8DEg4/s400/Cata-vento.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem do Pinterest, mostrando um cata-vento de jardim. <br />
Sempre associei o Cyprien a cata-ventos.<br />
<br />
</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">-- Por quê? Entendi que você tem uma casa lá. Família, provavelmente. Ainda é tão jovem que talvez até seus pais...</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não. – Cyprien inclinou a cabeça. – Não tive pais nem irmãos, primos ou tios. Minha mãe era sozinha e morreu quando eu era pequeno. Fiquei com meu padrasto, que me ensinou muito do ofício, apesar de me bater e me explorar, aquele maldito. Ele também morreu, e desde os doze anos contei apenas com vizinhos e amigos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sinto muito – disse Theoddor, com simpatia. – Sua vida não parece ter sido nada fácil. A minha começou bem; nada me faltava, tive meus pais até depois dos vinte anos e um irmão de quem gostava muito. Infelizmente ele morreu jovem, e acabei por ser o único herdeiro do Castelo. Em outros tempos, teria um título, mas isso já havia caído, assim como vários privilégios da nobreza humana e élfica. Ainda assim tinha uma bela propriedade, e todo ano os cidadãos de Vrindavahn me pagavam uma taxa através do Conselho. Sabe o que fiz com tudo isso? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sei. Fundou a Escola de Artes Mágicas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Exato. Realizei meu sonho – afirmou Theoddor. – Escrevi para Camdell, o único amigo de verdade que fiz em Riverast e o único a defender a ideia de que a Magia podia despertar sem o Dom inato, desde que houvesse um aprendizado adequado. Passamos anos planejando cada detalhe. E quando estava tudo certo, fiz um acordo com o Conselho sobre os impostos e instalamos a Escola no Castelo das Águias. Que tal?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Impressionante – disse Cyprien, e refletiu por um momento. – A Escola é fantástica, e deve lhe dar muito orgulho. Só que... isso não é, exatamente, realizar o seu sonho, certo? O senhor queria estudar Magia... mesmo fundando sua própria escola aqui em Vrindavahn, deu a entender que não conseguiu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É verdade, eu não. Mas, a partir de agora, um menino como o que eu era, meninos e meninas como alguns dos que vieram até aqui, também nascidos sem o Dom, podem despertá-lo através da Arte. Não é garantido, não é fácil, mas é um caminho onde antes não existia nenhum. Foi isso que fiz pelos meus – acrescentou, com calor. – Por eles, usei o que tinha, assim como você pode usar o que tem: seu talento e carisma.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Carisma... – Saboreou a palavra, pensativo; trazia ecos não muito distantes. – Já me disseram, mais de uma vez, que eu tinha isso. Até que seria um bom líder trabalhando pelo Povo Alto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Seria mesmo, como não? – replicou Theoddor. – No Castelo, conseguiu logo o afeto das crianças, a confiança de vários de nós, e incomodou aqueles que se incomodam com o brilho alheio. Meu convite para que fique está de pé, mas, se for seu desejo partir, não perca de vista aquilo que você mesmo disse: o Povo Alto é oprimido, e a arte é uma das armas mais poderosas contra a opressão. Na verdade, é ao mesmo tempo uma arma e uma cura. Pense nisso, e não perca mais seu tempo brigando com os mestres de Madrath, como briguei com os de Riverast.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas não briguei com eles. – Cyprien franziu a testa. – Fui rejeitado na Escola de Teatro, aí passei três dias afogando as mágoas na casa de uma moça que eu tinha conhecido por lá. E meus papéis de permanência expiraram, então me deram a pulseira de indesejável, por causa de um único dia de atraso ao deixar a cidade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- O quê? Então o galhardo Cyprien de Pwilrie é menos belicoso do que este velho? – brincou Theoddor, exagerando o tom de surpresa. Ruguinhas se acentuaram em torno de seus olhos risonhos, e o rapaz sentiu-se aquecer por dentro: aquele era de fato um bom homem, assim como Tio Hector, como Mandol e Thespio e Sanson e todos os mestres que o haviam ajudado e aconselhado ao longo da vida. Também Rowenna, a curandeira, e o cego Omar, com suas histórias sobre os tempos gloriosos – com sua insistência para que ele, Cyprien, ficasse no Labirinto e comandasse um movimento em favor do Povo Alto. Mais que insistência, tinham fé em que, um dia, ele faria tudo acontecer. Ainda acreditavam quando o viram partir pela última vez, um jovem músico e malabarista atraído pela novidade que era o teatro de bonecos. O que teriam a lhe dizer depois de tantos anos?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Que histórias poderiam contar, diferentes das antigas, se o Povo Alto ainda sofria como antes?<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsgJZHr9yc6FB_JB4uvBMiE1ULm0CPze8sze-cbZanW90y0_dRocDDPUzKVCTec3rd7-MP2pil1l6pVipBhoBdT5EoadvzTFgJ9gFAa8q7EeiVNJ1AZW1OWYNsWvQvZRme2TqYOQi03QE/s1600/quixote+e+cata-vento.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="434" data-original-width="512" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsgJZHr9yc6FB_JB4uvBMiE1ULm0CPze8sze-cbZanW90y0_dRocDDPUzKVCTec3rd7-MP2pil1l6pVipBhoBdT5EoadvzTFgJ9gFAa8q7EeiVNJ1AZW1OWYNsWvQvZRme2TqYOQi03QE/s320/quixote+e+cata-vento.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Já pensaram que moinhos também são<br />
cata-ventos?<br />
Cyprien, o personagem, tem um pouco de<br />
Quixote em seu DNA.</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Com licença, Cyprien, Mestre Theoddor... Ainda vão demorar? – A porta se entreabriu, deixando à mostra as faces avermelhadas de Marla e Donovan. – Não é para apressá-los, pelo contrário; é para saber se temos tempo de começar um trabalho aqui com o Tomas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Que trabalho? – Os dois homens se levantaram, ao mesmo tempo que Hector e Stela entravam na sala, vindos da cozinha. Aryan, bem desperto no colo da mãe e com o rosto sujo de molho, estendeu os braços para Cyprien, que o pegou e o acomodou sobre os ombros antes de seguir Theoddor até lá fora.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ooooouuuu! Cuidado com a cabeça! – brincou, ele mesmo se abaixando mais que o necessário ao passar pela porta; o garotinho riu, e o som se misturou ao do vento e ao das vozes de Pardalzinho e dos meninos. Estavam diante da casa com Elina e Tomas, que acabava de explicar alguma coisa enquanto apontava para cima.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Escute isso, tio! – exclamou ele, vendo Hector assomar à porta. – Já temos quem nos ajude a fazer o próximo cata-vento! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Gostaram, crianças? – O velho artista sorriu. – Fiz o primeiro quando Tomas perdeu os pais e veio morar comigo. Ele era menor que vocês, mas me ajudou mesmo assim, e foi como começou a trabalhar na oficina.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu quero aprender. Quero fazer um cata-vento desses para o telhado da minha casa – disse Brenan.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu também! – exclamou Pardalzinho. – Podemos vir aqui e aprender, não podemos, Mestre Theoddor?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Claro que sim. Ou Hector e Tomas podem ir ao Castelo para ensinar. Mas ninguém vai fazer cata-vento nenhum – disse Theoddor, solene – antes de terminar a caixa e as fantasias da peça. Foi para isso que pegaram material, não foi?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim! Vamos poder participar? – Os olhos da menina brilharam: ela correu para Theoddor, hesitou, depois se voltou com expectativa para Cyprien, que acabava de passar o pequeno Aryan para os ombros do pai. – E ele vai ficar com a gente?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Até o solstício, sim – confirmou o saltimbanco. – Depois disso, eu...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oba! – Pardalzinho saltitou, correu para ele e o abraçou pela cintura, sem querer ouvir mais nada. Seus amigos se entreolharam e marcharam para se juntar ao abraço, e Donovan e Marla também se aproximaram para cumprimentá-lo pela decisão. Por fim, quando os meninos e os dois aprendizes mais velhos tinham se afastado e apenas Pardalzinho permancecia a seu lado, Elina deu dois passos em direção a Cyprien, mantendo os braços cruzados, mas olhando-o sem reservas dentro dos olhos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu só queria ajudar – disse ela.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Entendo – ele murmurou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Queria dizer a todos que tinha comprovado, mas nunca achei que você estivesse mentindo. Estou feliz que fique no Castelo até o solstício. Vai voltar para o Leste depois?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Acho que sim – disse Cyprien, embora quase não restassem dúvidas. – Por um tempo, ao menos, para rever meus amigos e...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E...? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Construir um cata-vento – ele deixou escapar. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A elfa o encarou por um longo momento antes de assentir.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">***</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span> <span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Eu sempre quis escrever sobre a visita de Cyprien ao Castelo das Águias, mas este conto só tomou forma depois de eu assistir a </span><b style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=IpJ_8luC0gY">este vídeo</a></b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">, com uma musicalização de um lindo poema de Mário Quintana. O vídeo inspirou também a criação da personagem Pardalzinho. Espero que gostem!!</span></div><br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/04/um-artista-no-castelo-parte-14.html">Parte 14</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/04/um-artista-no-castelo-epilogo.html">Epílogo</a></b><br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-48709257796321857522020-04-02T12:21:00.000-07:002020-04-26T15:32:32.757-07:00Um Artista no Castelo (Parte 14)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Você... – disse Theoddor, e riu: os lábios de Cyprien tinham se aberto, naquele exato momento, para também pronunciar uma palavra. – Você entende que os aprendizes não fizeram por mal, não entende? E que, da minha parte, nunca houve qualquer desconfiança?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWsKz7HCaskq5vJI0LeK4UrIuyJr_H5qoLC3ZEgRhFOYiCWNuTCMy4mkpDteBFIgLKFpZKLbRJhKGxNxAoNLDcBQpHTbVejRsyYzZAIF_Kf_2WQ8yeiJNglyfb1g2Vru_VpU3ubCkOINA/s1600/Theoddor+e+Cyprien+com+Cen%25C3%25A1rio+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1121" data-original-width="1600" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWsKz7HCaskq5vJI0LeK4UrIuyJr_H5qoLC3ZEgRhFOYiCWNuTCMy4mkpDteBFIgLKFpZKLbRJhKGxNxAoNLDcBQpHTbVejRsyYzZAIF_Kf_2WQ8yeiJNglyfb1g2Vru_VpU3ubCkOINA/s400/Theoddor+e+Cyprien+com+Cen%25C3%25A1rio+3.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É claro. – Suspirou, passando a mão pela barba; não sabia se devia ser totalmente sincero, mas não tinha nada a perder. – Fiquei com raiva, confesso, porque Elina e o Mestre Finn vieram com a ideia de ler minha mente. O senhor vai dizer que isso não tem nada de errado, mas eu sou do Leste, lá não crescemos perto de magos, e os poucos que conheci em minhas andanças eram...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Pessoas más, ou pouco confiáveis. Eu entendo – disse Theoddor, apoiando os cotovelos na mesa. – Mesmo nas Terras Férteis, muitos pensam desse jeito a respeito de magos. Meu pai era um deles -- o antigo senhor do Castelo das Águias. Uma ironia, pode-se dizer, que só seria maior se eu tivesse conseguido meu intento: estudar na Escola de Magia de Riverast. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sorriu, barba e faces avermelhadas pelo reflexo do fogo. Cyprien se endireitou no assento e o olhou com atenção, como se o visse através de um novo prisma. Um excêntrico, um erudito, Mestre de Ciências da Terra – isso era o que sabia a respeito de Theoddor, bem como o fato de haver cedido seu castelo para abrigar a Escola de Artes Mágicas. Que ele próprio tivesse desejado tornar-se um mago, bom, isso era novidade, mas não era de estranhar, dadas as circunstâncias. Mas que, rico e inteligente como era, e vivendo nas Terras Férteis, não tivesse conseguido... Qual a razão?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Foi seu pai que o impediu de seguir esses estudos? – perguntou. Theoddor fez que não, seus olhos se voltando para o pulso de Cyprien, agora finalmente livre dos vestígios de tinta. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Meu pai jurou me deserdar se eu me tornasse um mago, mas fui a Riverast mesmo assim, e lá fiz o que pude para ser aceito – contou ele. – No início não queriam nem me receber, porque eu já tinha vinte anos e nunca havia manifestado o Dom; mas insisti até que consegui passar por um teste prévio, e então...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Então? – fez o rapaz, com expectativa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Então chegaram à conclusão de que eu jamais seria um mago, que seria perda de tempo me ensinar qualquer coisa, e me mandaram embora. Com bons modos, no início, e não tão bons depois de eu ter me revoltado e discutido com alguns dos mestres. No fim, deixei a cidade como indesejável, ainda que eu fosse um cidadão das Terras Férteis... exatamente como você ao partir de Madrath.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cyprien teve um sobressalto, levou a mão ao pulso, mas teve sangue-frio suficiente para ficar sentado. O olhar de Theoddor era penetrante, mas não maldoso; ele o descobrira, não pretendia desmascará-lo. Além disso, segundo haviam lhe explicado em Madrath -- e confirmaram, para seu alívio, ao obter os papéis de permanência em Vrindavahn --, a marca em tinta azul significava que causara um pequeno distúrbio, que devia se afastar por um tempo a fim de refletir e não que era algum tipo de criminoso... não era isso?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, essa é uma lei exclusiva de Madrath. Cada cidade tem as suas, além daquelas a que todas obedecem, próprias da Liga das Terras Férteis – Theoddor explicou melhor. – Em Madrath, há sempre um afluxo muito grande de forasteiros, por causa das Escolas de Artes e Teatro e todos os festivais, e os passes de entrada são sempre temporários. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem tem um deles, e comete uma infração menor, tem que sair da cidade levando essa pulseira em tinta, que só desaparece cerca de uma lua depois, por mais que seja esfregada. Foi por isso que, tão logo o vi, eu soube de onde você vinha; e posso tentar adivinhar? Você tentou conseguir trabalho lá, ou aprendizado como ator, e o que acabou arranjando foi encrenca para si mesmo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mais ou menos isso – Cyprien teve que admitir. – Eu achava que tinha muito a aprender com os artistas de lá, mas que eles também aprenderiam um pouco comigo. Seria como uma troca, ou algo assim. Mas nem estavam interessados no que eu sabia, nem quiseram que eu aprendesse com eles. Eu não conseguiria acompanhar as aulas, disseram, porque me faltava... quer dizer, eu não sabia...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ler</i>. – Uma afirmação, não uma pergunta; Cyprien engoliu em seco, mas não pôde contestar. – Não poderia ler os textos das peças, assim como não pôde ler os avisos no nosso galpão de trabalho. Não é verdade?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim. – Ele sentiu as faces quentes, sentiu-se irritado. – E eu não tinha acreditado nisso quando Tomas me contou. Será possível que todo homem e toda mulher nas Terras Férteis saiba ler e escrever?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É uma das leis da Liga, cumprida quase à risca nas Onze Cidades, embora muitos deixem de segui-la nas cidades de humanos e principalmente no campo. Em Vrindavahn, obedecemos à lei: há uma escola no Templo de Bragi, duas mantidas pelo Conselho e várias por mestres e mestras em suas casas, e creio que todas as crianças frequentam alguma. O que é uma coisa boa – disse Theoddor, parecendo querer convencê-lo de algo. – Quem sabe, se aprender a ler, você ainda consiga entrar na Escola de Teatro. Afinal, tem o Dom da Arte, ao contrário de mim, que nasci sem o da Magia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Obrigado pelo elogio, mas acho que os mestres de Madrath não concordam – disse Cyprien, e um travo amargo lhe subiu à boca. – Não conversamos muitas vezes, mas pude ver que não têm o menor apreço, sequer respeito pelos saltimbancos. Para eles, o que fazem é sublime, o que faço é vulgar e grosseiro. Mais ou menos como disse a Mestra Thalia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, suponho que pensem desse jeito – suspirou Theoddor. – Lamento muito, e também pelo que aconteceu no Castelo das Águias. Vamos pôr tudo em pratos limpos, é claro, mas eu sei... Mesmo que nunca o acusem de mais nada, não é tão rápido quebrar uma crença, conquistar a estima daqueles que foram ensinados a desconfiar. Ainda assim, talvez fosse possível, se você ficasse conosco até o fim da estação. O que acha? Há bastante trabalho, e o bronze correspondente para você, além do carinho de todas aquelas crianças.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu sei. – Sorriu, sem muito humor. – Bom, pelas crianças, acho que posso ficar até o solstício. Assim, ao menos, a peça vai ser encenada, como vocês queriam. E, além disso, eu me comprometi a ajudar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Bravo! Ficarão muito felizes! – Theoddor estendeu o braço e apertou seu ombro, os olhos cheios de calor. – E eu vou manter a esperança de que você acabe mudando de ideia e ficando por mais tempo na Escola. Temos grandes mestres de Magia, Cyprien, e os de Arte devem estar à altura.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ah, mas estão! Tomas trabalhou comigo por vários anos; fizemos mais teatro de bonecos, mas ele entende do outro também, apesar de não ter estudado em Madrath. Ele vai ficar aqui com o tio, e pode ser muito útil no Castelo. Já eu devo mesmo partir logo após o solstício. Estou pensando em rever minha casa, passar o resto do inverno em Pwilrie enquanto espero o tempo melhorar para seguir rumo ao País do Norte. Faz tempo que não ponho os pés no Labirinto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- O bairro do Povo Alto, na colina que sobe para a Fortaleza, não é? Ouvi falar – disse Theoddor, afagando a barba. – Li um pouco sobre a história de vocês. Fizeram grandes coisas no Leste, mas hoje quase não têm direitos. Deve ser difícil viver lá.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, é difícil. Além de todas as restrições, as leis são duras conosco. Quando não são as leis, são os juízes. Mas já foi pior – disse Cyprien, voltando a se lembrar dos contadores de histórias. – Logo após a Reconquista, havia um toque de recolher, o que impedia os artistas de trabalharem à noite. Houve revolta e várias prisões até acabarem com isso, e mais tarde o Povo Alto foi desobrigado de usar um retalho vermelho costurado na roupa. E, pouco antes de eu nascer, houve uma rebelião em que morreu muita gente, mas conquistou alguns direitos, como o de trabalhar em lojas e oficinas fora do Labirinto. Ainda não podemos ser os proprietários, nem ingressar na maioria das corporações de ofício. Mas isso virá.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Virá? – indagou Theoddor, arqueando a sobrancelha; Cyprien hesitou, e o velho homem foi mais direto. – Você vai lutar por esses direitos quando voltar a Pwilrie? Vai ajudar seu povo, falar em nome deles com suas peças e canções? Porque foi isso que eu senti – acrescentou. – Foi isso que você me pareceu ter a dizer, com aquela história sobre o homem que não gostava de saltimbancos. <o:p></o:p></span></div><br />
<i>Imagem: Cyprien e Theoddor, retratados por <b><a href="https://hidarumei-ilustradora.blogspot.com/">Hidaru Mei</a></b>.</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-13.html">Parte 13</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/04/um-artista-no-castelo-parte-15.html">Parte 15</a></b><br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-89714009279328851902020-03-29T19:14:00.000-07:002020-04-02T12:23:07.082-07:00Um Artista no Castelo (Parte 13)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ouvindo isso, o velho marioneteiro se apressou em largar o atiçador e pegar as chaves. A porta se abriu, trazendo para dentro um vento frio e três crianças usando capas de inverno, que esvoaçaram como asas quando elas correram em direção a Cyprien.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Você ainda está aqui! – exclamou a menorzinha, com os olhos brilhando. – Que bom! Eu nunca iria me perdoar se não estivesse!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-5ghDzvLt2fBzIEd0dwmnxHg_5koYLd83ofl_2kn_j-kgIRJAWjzECyUNcTb0j_7McEOHtk21BN4ZJjX1z1_c2kKcdEkbynR-ettSyAffmygzj3toyihsdXxsaMQD71FzhLtspU9Adw8/s1600/Rackham+Hamelin.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="279" data-original-width="181" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-5ghDzvLt2fBzIEd0dwmnxHg_5koYLd83ofl_2kn_j-kgIRJAWjzECyUNcTb0j_7McEOHtk21BN4ZJjX1z1_c2kKcdEkbynR-ettSyAffmygzj3toyihsdXxsaMQD71FzhLtspU9Adw8/s320/Rackham+Hamelin.jpg" width="208" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">-- Por quê? O que houve? – Perplexo, ele olhou para Theoddor, que estava um passo atrás de Pardalzinho, ladeado por dois garotos. – Eles só querem se despedir antes que eu deixe Vrindavahn, ou...?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Pelo contrário: eles querem que você fique, e que volte ao Castelo das Águias – disse Theoddor. -- Mas antes vão explicar o que aconteceu e pedir desculpas. Não é mesmo, Linnet?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim! Eu, principalmente – disse Pardalzinho, em tom solene. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas por quê? O que as crianças fizeram? – Hector se acercou, curioso. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Trata-se da acusação que os artesãos fizeram a Cyprien. Sim, a acusação de roubo – disse Theoddor, e se voltou para o saltimbanco. – As crianças vão contar tudo, mas, para começar, quero esclarecer que elas também não conheciam as regras para usar os suprimentos do galpão de trabalho. Achavam que qualquer pessoa no Castelo podia pegá-los, e não voltaram a entrar lá depois que os avisos foram postos nas paredes. Já começou a entender?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu acho que... sim. – As palavras teceram uma teia na mente de Cyprien, aprisionaram memórias. – Quer dizer que as coisas que sumiram, que os artesãos me acusaram de ter roubado...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Fomos nós! Mas, como o Mestre Theoddor acabou de dizer, não sabíamos que era para anotar, e não fazíamos a menor ideia de que estavam suspeitando de você. Se soubéssemos, teríamos ido até lá e falado com os artesãos. Eu juro – disse Pardalzinho, e os meninos atrás dela confirmaram com acenos enérgicos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Queríamos fazer uma surpresa... para você, mas também para todos no Castelo – explicou Brenan, o garoto de rosto comprido. – Estávamos montando uma caixa grande, que íamos pôr junto com os baús da casa da maga, na peça de solstício; de dentro da caixa sairíamos nós, vestidos como se fôssemos duendes do Reino Invisível, e faríamos uma correria pelo palco. O pessoal do Segundo e do Terceiro Círculo ia ficar sem saber o que fazer – concluiu, com uma risadinha --, mas íamos sair logo, é claro! Não queríamos atrapalhar a peça. Só aparecer um pouquinho nela. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E passar a lua seguinte copiando tratados de Princípios da Magia – disse Theoddor, sorrindo por trás da barba --, porque Thalia não deixaria isso barato. Mas eles decidiram que valeria a pena.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E ia mesmo. Mas nós nunca pensamos em causar problemas para Cyprien. Por isso viemos pedir desculpas – disse o lourinho, com as mãos para trás. – E amanhã Mestre Theoddor vai reunir os artesãos, e vamos explicar o que aconteceu e deixar claro que você nunca roubou nada do Castelo das Águias.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E a gente quer que você volte para lá, volte a nos ensinar malabarismo e quem sabe outras coisas, porque estamos gostando muito – disse Pardalzinho. – A gente – não só nós três, mas todo o Primeiro Círculo – a gente gosta muito de você.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E nós também – disse uma voz também feminina, porém mais adulta, vinda do extremo da sala. Cyprien ergueu os olhos e viu Marla de Kalket, a moça de faces rosadas, acompanhada por seus dois amigos inseparáveis: Elina, a jovem elfa que não conseguira ler seus pensamentos, e o rapaz de nariz arrebitado, Donovan. Tomas os fizera entrar em algum momento durante a fala das crianças, e o saltimbanco estava tão envolvido que nem mesmo ouvira a batida na porta.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Vocês aqui! – Theoddor franziu as sobrancelhas. -- Como foi que vieram, se eu trouxe o carro?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- A pé, é claro. Na descida, andamos mais rápido que os cavalos, ainda mais nessa estrada cheia de buracos – replicou a elfa. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ou não, pois acho que saímos quando o senhor ainda estava mandando aprontar o carro. Decidimos rápido – disse Donovan --, assim que soubemos o que as crianças tinham feito e que elas vinham pedir para Cyprien ficar no Castelo. Também queremos muito que ele fique. Pelo menos até o solstício.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Vai ficar? – perguntou Elina, sem rodeios. – Agora, que já não podem acusá-lo de roubar e mentir?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não graças ao seu feitiço</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">, pensou Cyprien, mas conseguiu segurar a língua e apenas olhar para ela. Com seu rosto de neve e manto ricamente bordado, a moça também lhe devia desculpas, mas, ao contrário de Pardalzinho e das outras crianças, sequer lhe passava pela cabeça pedi-las. Isso acabou, em grande parte, com a boa vontade que a atitude dos pequenos despertara nele.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não sei se devo – disse, sem olhá-los, para não ver a decepção em seus rostos. – Posso provar que sou inocente desta vez, mas para mim já ficou claro: a maior parte das pessoas daqui vai sempre me olhar de lado, por tudo que eles ouviram a respeito de Pwilrie. Não só no Castelo das Águias, mas em Vrindavahn, nas Terras Férteis... Este não é um bom lugar para o meu povo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Claro que é! Gostamos tanto de você! – exclamou Pardalzinho, e começou a saltitar enquanto enumerava. – Só no Castelo, tem a gente, o Mestre Theoddor, o Mestre Finn e o Mestre Camdell, e Mestra Sophia deve gostar também, mesmo sem ter falado nada. Os empregados gostam de você, principalmente a Netta, da cozinha; ela disse que você é divertido, e as moças que servem as mesas acham que é muito educado, sempre agradecendo por tudo, e o Gurion, que cuida das contas...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Linnet, querida, acho que Cyprien já entendeu – Theoddor interrompeu com brandura. – Ele sabe que muitas pessoas o apreciam; a questão é outra. E, Cyprien, eu gostaria de conversar a respeito, só nós dois, se não se importar em passar um pouco de frio lá fora. O povo do Leste costuma ser friorento... – Interrompeu-se, abanando a cabeça, como numa censura a si mesmo. – Ou talvez essa seja mais uma crença tola.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Pwilrie é muito quente no verão, e os invernos são amenos, por isso a maioria de nós estranha o clima frio. Mas eu passei os últimos cinco anos viajando pelo Norte – disse o rapaz. – O outono das Terras Férteis não é nada para quem viu a neve de Siberlint. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oh, mas eu tenho uma ideia melhor! Por que não jantamos antes de vocês conversarem? – interveio Hector. – Desculpem a franqueza, mas minha barriga está roncando. E Stela fez comida para um batalhão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Muito obrigado, mas nós já comemos – disse Theoddor. – E achei que vocês também tinham; peço desculpas por atrapalhar. Fico lá fora com os jovens enquanto vocês jantam.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu não estou com fome – disse Cyprien. – Posso sair com o senhor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu também prefiro comer mais tarde. Agora, poderia levar todos vocês para conhecer a oficina – sugeriu Tomas, dirigindo-se aos aprendizes. – Já sei que alguns têm prática em mexer com fantoches, e outros vão começar na primavera. Talvez gostem de ver o que fazemos por aqui.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Isso! Dê a eles uns doces de amêndoas, daqueles que comprei mais cedo. Assim me livram da tentação de, amanhã, passar o dia todo beliscando enquanto trabalho – incentivou Tio Hector. – E Stela e eu vamos para a cozinha com o pequeno, e jantamos por lá, onde também está quentinho; e Theoddor e Cyprien podem ficar aqui na sala e conversar à vontade. Bebem um pouco de vinho, não bebem?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Hector, não quero atrapalhar... – começou Theoddor, mas se calou vendo que os outros agiam conforme a sugestão dos dois artistas. Em poucos momentos, o jovem ruivo tinha saído, acompanhado pelos aprendizes; sua mulher pôs sobre a mesa um pão de centeio, manteiga e algumas maçãs, Hector trouxe copos e uma jarra de vinho, e os dois deixaram a sala levando o bebê. Ficaram Theoddor e Cyprien, agora sentados frente a frente e pouco à vontade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ou talvez fosse apenas uma questão de tempo até começarem a falar.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">***<o:p></o:p></span></div><i>Imagem: Crianças e o Flautista de Hamelin, por Arthur Rackham (1867 - 1939).</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-12.html">Parte 12</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/04/um-artista-no-castelo-parte-14.html">Parte 14</a></b><br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-63951878994427698112020-03-25T13:30:00.002-07:002020-03-29T19:16:19.374-07:00Um Artista no Castelo (Parte 12)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Cyprien, por favor, não se precipite! – pediu Hector, olhos e tom de alarme. -- Deixe-me ir ao Castelo, falar com Theoddor, esclarecer a situação. Podemos ir amanhã, assim que o sol nascer. Eu sei que ele estará disposto a escutar!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E se as coisas não se resolverem você pode deixar a Escola e ainda assim ficar conosco até o final do inverno – Tomas ajuntou às palavras do tio. – Vamos fazer novos bonecos e cenários, criar novas histórias, e além de Vrindavahn podemos apresentá-los em duas ou três vilas aqui perto. Que tal isso?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi75Gr6PkEXnpt7Q3LH5linT19LNfmkHlt7kBz5LRHrutbewGvDetdKRoMhG9Z7LLnckkxntwDozg2BUXrp51EJRJ0KmgtoriEEBe9v5iS1dCI_Jn-x8gYNP0ezDBKtmM3W_vTPsnenQC8/s1600/PuppetsBod.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="270" data-original-width="509" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi75Gr6PkEXnpt7Q3LH5linT19LNfmkHlt7kBz5LRHrutbewGvDetdKRoMhG9Z7LLnckkxntwDozg2BUXrp51EJRJ0KmgtoriEEBe9v5iS1dCI_Jn-x8gYNP0ezDBKtmM3W_vTPsnenQC8/s400/PuppetsBod.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim... E em cada uma vão me olhar de lado, e me acusar de ladrão na primeira oportunidade. – Cyprien se deteve, segurando a camisa que dobrava, e encarou o amigo. – Você conhece minha história, e não vou mentir: eu já roubei muitas coisas, desde uma fruta no mercado até a prataria de casas ricas, mas nunca tirei nada de alguém que tivesse me acolhido, me hospedado, feito alguma coisa por mim. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não toquei</i> nos suprimentos daquele galpão. Quando precisei das tábuas, perguntei se podia pegar, então tiveram a ideia de preparar essa armadilha. E, apesar de terem me defendido, impedido que os artesãos me espancassem, os aprendizes não acreditaram no que eu disse. Tentaram usar Magia para ver se eu estava mentindo. Se nem eles confiam em mim, o que esperar dos outros?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Meteu a camisa na mochila, socando-a junto com o resto de suas roupas -- um pobre substituto para as caras que gostaria de esmurrar. Estavam na sala de Hector, aquecida por lenha de madeira; o jantar estava pronto, porém Stela o deixara na cozinha e viera, com o filho no colo, participar da discussão. Tinha, é claro, a mesma opinião do marido e do Tio Hector, mas por ela a tentativa de falar com Theoddor seria deixada de lado, e Cyprien começaria desde já a trabalhar na oficina. Ali não correria o risco de que voltassem a acusá-lo de roubo, e não havia magos nem aprendizes que tentassem enfeitiçá-lo. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não é feitiço, meu amor – Tomas corrigiu com brandura. – Não é para dominar ou fazer mal à pessoa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não é para ler os pensamentos? Isso é dominar – replicou Stela. – Imagine se eu soubesse o que você está pensando, a todo momento; se você pensasse em outra mulher, se decidisse comer escondido aquele queijo que você adora, mas que não lhe faz bem... Acha que eu ia deixar por isso mesmo? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Nunca – suspirou Tomas. – Ia encher meus ouvidos, no mínimo. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ou ia dar um jeito de você não encontrar a mulher, ou esconder o queijo. Stela tem razão: ler os pensamentos de alguém é dominá-lo – disse Cyprien, que continuava a guardar suas roupas. Teria que abrir mão de uma parte a fim de levar, da sua bagagem de artista, o indispensável para garantir seu sustento na viagem. E, sabendo que o tempo não lhe permitiria chegar ao País do Norte, contentou-se com a ideia de passar o inverno em sua casinha no Labirinto, o bairro destinado aos descendentes do Povo Alto após a Reconquista de Pwilrie, várias gerações atrás, como explicavam os contadores de histórias. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com todos os problemas, e não eram poucos, que enfrentava por conta deles, Cyprien tinha muito orgulho dos seus antepassados. Vindos de um lugar misterioso – além das névoas do Mar Interior, diziam as lendas --, os primeiros a chegar eram sábios e capazes, amavam a música e a arte e estudavam as estrelas, mas também eram guerreiros que conquistaram várias cidades e as fizeram prosperar. Sinnlann, Faglan, Berlot, Pwilrie, principalmente Pwilrie, tornada capital do Povo Alto e redesenhada com ruas bem traçadas, jardins refrescados por fontes e a gloriosa Fortaleza sobre a colina. Com o tempo, a era dos guerreiros deu lugar à dos artesãos e comerciantes sagazes, que buscavam fortuna, mas faziam o possível para manter a paz – o que, no entanto, não bastou para afastar a inveja e a cobiça das cidades vizinhas. Lideradas por Altamir, a mais poderosa e única a ser governada por um rei, elas moveram guerra contra o Povo Alto, destruíram seus jardins e observatórios e os reduziram em grande parte à servidão. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Na capital, onde o poder foi devolvido aos antigos senhores – os Fundadores, como chamavam a si mesmos, embora muitos ocultassem o sangue mestiço --, os poucos membros sobreviventes do Povo Alto foram proibidos de possuir terras e de fazer parte das guildas de artes e ofícios, além de várias outras regras, parte das quais ainda vigorava. Com tantas portas fechadas, tiveram que se arranjar como foi possível, e logo ganharam fama de trapaceiros e ladrões, que os senhores ajudaram a espalhar sem se dar conta de que, fora dos muros de Pwilrie, ela se estendia cada vez mais a toda a população da cidade. Atualmente, bastava alguém dizer que vinha de lá para atrair olhares enviesados, e isso era ainda pior nas Terras Férteis do que no Leste ou no País do Norte, como Cyprien tivera ocasião para comprovar. Fora um erro, um estúpido erro pensar que poderia superar aquilo, passar por cima de uma desconfiança construída ao longo de séculos, ser aceito... Embora, é claro, em toda parte houvesse encontrado exceções. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- No meio disso tudo, fica o meu agradecimento a vocês – disse ele, olhando demoradamente para cada um, e também para o pequeno Aryan; não voltaria a cantar para que ele dormisse, e já sentia saudade. – Aqui não deu certo para mim, mas gostei de conhecer o senhor, Mestre Hector, e de ver a família reunida. E, Tomas... Foi um prazer ser seu parceiro nestes quatro anos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas ainda somos parceiros – disse o amigo, embora sua voz hesitasse a partir dali. – Se não vai mesmo passar o inverno em Vrindavahn, nós podemos... podemos nos reencontrar daqui a algumas luas, talvez meio ano. Ou eu posso escrever para você aos cuidados do Templo de Pwilrie e aí combinamos tudo. Ainda não sei se vou ficar aqui de vez.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não há por que nos iludirmos. – Cyprien inclinou a cabeça. -- Nós dois sabemos muito bem que você vai ficar. E está mais do que certo: seu tio precisa de você aqui, e a vida vai ser mais tranquila para Stela e Aryan. E outros filhos, que com certeza vão vir. Mas isso não quer dizer que nunca mais nos veremos – prosseguiu, tentando soar otimista. – Vamos manter contato, de um jeito ou de outro, e um dia ainda vamos nos reencontrar. Só que agora, bem...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fez uma pausa, respirando fundo, e ia voltar a falar quando uma súbita batida na porta o interrompeu. Stela o encarou com alarme, e Tomas ergueu as sobrancelhas, ao passo que o Tio Hector seguiu o que parecia ser seu protocolo nessas ocasiões.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Quem é? – perguntou, empunhando o atiçador da lareira.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ele também se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">armou</i> antes de saber que éramos nós, da primeira vez? – Cyprien sussurrou para Tomas, sem conseguir se conter. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Abra sem susto, meu amigo. Sou eu, Theoddor – disse a voz conhecida lá fora, e uma espécie de chilreio antecipou o que revelaria em seguida. – E aqui comigo estão certas pessoas... que têm uma longa história para contar. <o:p></o:p></span></div><br />
<br />
<div style="text-align: center;">***</div><br />
Imagem: teatro de fantoches medieval. Manuscrito da Bodleian Library, ca. século XVI.<br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-11.html">Parte 11</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-13.html">Parte 13</a></b>Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-35871560092867934962020-03-18T09:07:00.000-07:002020-03-25T13:36:50.871-07:00Um Artista no Castelo (Parte 11)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">-- Nem pense em lançar um encanto, em me dominar com sua Magia – tornou ele, pronunciando bem cada sílaba; Finn se viu tão perplexo que não pôde retrucar, e Cyprien se voltou para encarar os outros. – Quanto a vocês, não se preocupem mais: sua armadilha deu certo, irei embora do Castelo e da sua preciosa cidade. Só não encostem em mim. E isso inclui você e seus amigos – acrescentou, com o que Elina também baixou a mão que pretendia pousar em seu braço.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4I9eZRImMosdIUFH2xBnTRnAo-59CgBdLuQhwoRMb49Ef6ddJOLXbcaKG0ghYg-bDf9_FJ_Ytf9qLHJM8QEu_bSMR7cI2pOsUKGK7VRcEzobheSFONubarWMbre49QSBS-FSD7b2GxNU/s1600/Third-Eye-Chakra-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="700" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4I9eZRImMosdIUFH2xBnTRnAo-59CgBdLuQhwoRMb49Ef6ddJOLXbcaKG0ghYg-bDf9_FJ_Ytf9qLHJM8QEu_bSMR7cI2pOsUKGK7VRcEzobheSFONubarWMbre49QSBS-FSD7b2GxNU/s320/Third-Eye-Chakra-1.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas, Cyprien, você não entendeu! Ninguém quer dominá-lo, era só... –Donovan começou a dizer, mas se calou ao ver que o outro lhe dava as costas. Theoddor esperou que Ruaridh tentasse detê-lo, ou algum dos outros, mas em vez disso se afastaram para lhe dar passagem, resmungando entre si e coçando os cotovelos enquanto ele marchava a passos largos para longe da ala. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Por que isso me surpreende?,</i> pensou, com desalento. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Expulsá-lo, mandar embora a escória de Pwilrie -- era o que todos queriam desde o início</i>. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mestre Theoddor, faça alguma coisa! – pediu Marla, aflita. – Ele não pode ir embora desse jeito!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Melhor que vá, menina – disse Ranald. – É um ladrão e mentiroso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ninguém provou nada disso! Por favor, Mestre – insistiu a garota. – E o senhor também, Mestre Finn, explique o que ia fazer, que isso era para ajudá-lo...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ele não entenderia – disse Theoddor. – Não neste momento. E nem sei se iria adiantar... se Finn ou Elina afirmassem que Cyprien falou a verdade – acrescentou, respirando fundo enquanto seus olhos relanceavam pelos rostos dos homens. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas nem vai falar com ele, Mestre? Tudo vai ficar por isso mesmo? – perguntou Donovan.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ainda não sei o que vou fazer. Mas sim, pretendo falar com Cyprien. Assim que os ânimos esfriarem um pouco. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Tem de ser logo, antes que ele deixe Vrindavahn. Foi o que entendi que ia fazer – lembrou o rapaz, e sua boca se torceu sob o nariz arrebitado. – E ele deveria ficar até a peça do solstício.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim! Foi um compromisso que assumiu conosco – afirmou Elina, erguendo a cabeça. – E além de nós, do Segundo e Terceiro Círculos, tem também as crianças. Como elas vão se sentir, se ele for embora sem dizer adeus?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As crianças</i>! Você me deu uma boa ideia – disse Finn, estalando os dedos. – Quer dizer, uma ideia para sugerir a Theoddor, se ele gostar. Venham, vamos voltar ao Castelo – acrescentou, com um gesto que incluía o amigo e os aprendizes. – De qualquer forma, está quase na hora do jantar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim! O dia já acabou. Podem recolher as ferramentas – disse Theoddor aos artesãos, e se conteve para não acrescentar: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">e esses malditos sorrisos satisfeitos</i>. Os homens se dispersaram, e ele seguiu até o refeitório ao lado de Finn, cuja sugestão, como o meio-elfo não tardou a explicar, consistia em levar alguns dos aprendizes mais novos quando fosse esclarecer as coisas com Cyprien.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ele está com raiva e magoado, mas isso não tem a ver com as crianças, que o adoram e que ele sem dúvida adora – arrazoou o mago. – Talvez, se elas pedirem, ele permita que o ajudemos a provar que estava dizendo a verdade. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não acho que ele concorde em passar por qualquer coisa que envolva Magia – replicou Theoddor --, e, como disse, não sei se isso iria ajudar muito. Vão continuar a hostilizá-lo de um jeito ou de outro. Mas podemos levar as crianças, para tentar mantê-lo aqui até o solstício. Ou pelo menos – acrescentou, com um suspiro – para que ele se despeça delas e aceite as nossas desculpas. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Finn concordou, a expressão grave. Também fizera algo de que se desculpar: a forma como se dirigira a Cyprien sem explicações, sem pedir permissão ou mesmo dirigir-lhe a palavra antes de quase vasculhar seus pensamentos. Não tinha sido por mal, as intenções de Finn eram sempre as melhores, mas fora uma atitude inconsequente, como várias vezes Theoddor já o vira tomar. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Finn deveria trabalhar com um parceiro</i>, pensou ele, vendo o rosto suave e contraído de seu amigo. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Devia dividir suas práticas com Thalia, ou com um mestre de Magia do Pensamento tão firme quanto ela. Não pude ser um mago, mas estudei o bastante para saber que a Forma depende de uma vontade forte o bastante para ancorá-la</i>. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Theoddor havia antecipado uma chegada sem alarde, mas as notícias voavam como águias naquele castelo: tão logo pisaram no salão principal, ele e Finn se viram cercados por aprendizes do Primeiro e do Segundo Círculo, perplexos e exaltados, perguntando se era verdade que Cyprien tinha decidido deixar a Escola.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Calma, crianças! Sim, ele disse isso, houve uma confusão com o pessoal que está trabalhando no anfiteatro – explicou Theoddor; pôs a mão no ombro de Linnet, a menorzinha, que balançava inquieta sobre os próprios pés, e prosseguiu em tom de confidência. – Ele saiu daqui muito ofendido, e com isso nem deve ter se lembrado de falar com vocês. Mas sei que gosta muito de todos, e por isso tive... Na verdade, foi Mestre Finn que teve essa ideia, mas acho que vai funcionar. Por que alguns de vocês não vêm comigo até Vrindavahn, e lá falamos com Cyprien e pedimos para ele voltar ao Castelo? Ao menos para a festa do solstício, quando irão encenar a peça. Acho que, se forem vocês a pedir, ele acaba aceitando. O que me dizem?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- A gente vai! – afirmou um dos meninos, com o que os outros concordaram em coro. Alguns dentre eles, porém, se entreolharam com expressões culpadas, e o último relance de olhos foi para Linnet, que parecia – Theoddor percebeu, e ficou alerta – não apenas agitada, mas quase ao ponto de chorar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mestre, a gente não sabe muito bem o que houve – sussurrou ela, com aquela vozinha infantil. – Mas agora há pouco disseram que Cyprien foi chamado de ladrão... só por causa de umas tintas e lonas que estavam no galpão de trabalho. Isso é verdade?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, Linnet, foi isso que aconteceu, mas ele disse que não pegou nada, e nós acreditamos – Theoddor tentou acalmá-la. – Devem ter posto as coisas fora do lugar. Não achamos que Cyprien tenha feito...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Não</i>! Ele não roubou nada! – gritou a menina, e bateu com o pé no chão; Theoddor recuou, chocado, e o salão e todos dentro dele congelaram antes que Linnet retomasse a fala.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Cyprien não fez nada de errado, e temos que ir atrás dele agora mesmo. – Lágrimas escorriam por suas faces; ela se voltou para Brenan e os que estavam a seu lado, todos de cabeça baixa. – E eu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nunca mais</i> vou conseguir dormir... se a gente não trouxer ele de volta para o Castelo.<o:p></o:p></span></div>... <br />
<br />
<i>Imagem: <b><a href="https://www.chakras.info/third-eye-chakra/">Um centro de energia muito utilizado na Magia do Pensamento</a></b> </i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-10.html">Parte 10</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-12.html">Parte 12</a></b><br />
<br />
<br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-40851494720765205222020-03-11T20:59:00.002-07:002020-03-18T09:08:21.764-07:00Um Artista no Castelo (Parte 10)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Foi no terceiro dia após sua visita às obras, num fim de tarde frio e ventoso em que Theoddor trabalhava no jardim de ervas. O aviso foi trazido por um adolescente, filho e ajudante de um dos pedreiros, cuja pressa em encontrá-lo e pedir ajuda demonstrava um claro senso de justiça. Pelo menos isso.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilPZ4cdXzaMHYRV1PMID8mN30COw7hf9sYK8caNDFkz_fBHVs3fZG5Jxx_aoOKxgAjABj2a5BbwRyLBoC4GpBwXIvZpooBoyI2bkrGXJE95RJUms4jfLJ1xUo8MsXXmqdK_KbcgaUlwnc/s1600/medieval+garden.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="352" data-original-width="333" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilPZ4cdXzaMHYRV1PMID8mN30COw7hf9sYK8caNDFkz_fBHVs3fZG5Jxx_aoOKxgAjABj2a5BbwRyLBoC4GpBwXIvZpooBoyI2bkrGXJE95RJUms4jfLJ1xUo8MsXXmqdK_KbcgaUlwnc/s320/medieval+garden.jpg" width="302" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mestre, está havendo uma briga séria lá no galpão de trabalho. Aquele artista de Pwilrie... ele está sendo acusado de roubo – afirmou o rapaz, sem fôlego, os olhos arregalados. – Ele diz que nunca antes pegou nada, só que o pessoal...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oh, pelas joias de Freya! Será possível? – Levantou-se quase de um salto, sem ligar à dor nos joelhos. – Corra na frente, menino, e diga que estou indo! Diga que esperem por mim antes de tomarem qualquer atitude! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O garoto assentiu e disparou entre os canteiros. Theoddor o seguiu, o mais rápido possível, alarmado com a urgência e com o caminho que as coisas poderiam tomar. Os sons da briga já se ouviam bem antes de chegar ao galpão, diante do qual todos os artesãos e operários da obra estavam reunidos. Também boa parte dos aprendizes mais velhos, inclusive os Três Espertinhos – Marla, Elina e Donovan --, cuja intervenção, sob a forma de protestos e dos próprios corpos usados como escudo, era o que impedia Cyprien de Pwilrie de ser agarrado e espancado pelos homens furiosos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não que ele mesmo não soubesse se defender.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Estou avisando. O próximo que tocar em mim sai de braço quebrado – Theoddor o ouviu dizer, num tom pausado em que procurava conter os limites de sua raiva. Tinha os pés bem plantados no chão, um joelho flexionado, como se pronto para saltar; as mãos estavam abertas, e os dedos longos eram muito fortes. Isso já fora comprovado por um dos gesseiros, que estava numa ponta do grupo, com expressão dolorida, massageando o próprio braço. Theoddor passou por ele e se aproximou de Ruaridh, que já esperava encontrar ali, à frente dos acusadores, com a cara toda vermelha e os punhos cerrados.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ainda bem que o senhor chegou. Eu mal estou conseguindo me segurar – bufou ele, assim que viu Theoddor. – Nós pegamos esse daí saindo com duas pranchas de madeira; não tinha registrado isso no livro, e ainda se fez de desentendido, disse que tinha perguntado ao Ranald e ele respondeu que podia levar o que quisesse! E que não sabia que devia anotar, e que era a primeira vez que tirava alguma coisa do galpão! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas eu nunca tinha pegado nada, a não ser ferramentas, que sempre ponho de volta! – replicou o saltimbanco. – Por que me acusa do que não fiz?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E por que você não anotou? – indagou, de braços cruzados, Ranald, um carpinteiro cuja família trabalhava havia gerações para a de Theoddor. – Eu não disse simplesmente que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">podia levar</i>. Disse para fazer como manda a regra, e ontem mesmo eu me dei ao trabalho de escrever um aviso e deixar bem à vista na parede. E você tem dois bons olhos, não tem?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Aviso? – Theoddor se voltou para o construtor, que mordia o próprio bigode. – Não falaram com Cyprien sobre as regras, como pedi?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não, mas escrevemos. Deixamos um aviso bem claro sobre o livro de registro em cada canto do galpão. Não dá na mesma? – disse o outro, em tom de desafio.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Theoddor o encarou sem saber o que pensar, depois olhou para Cyprien, ainda escudado pelos jovens aprendizes. Suas faces morenas estavam avermelhadas, mas, por baixo disso, surgira uma palidez que por si só teria sido capaz de trai-lo. Um fingidor, mortificado ao ser descoberto -- mas que, com toda certeza, não se sentira desse jeito até um momento atrás. Foi isso que fez Theoddor compreender.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Não, Cyprien não tinha roubado nada. Mas também não tinha lido os avisos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E as leis das Terras Férteis, que os senhores do Castelo das Águias tinham feito cumprir até pelas famílias mais humildes de Vrindavahn, faziam com que os homens nem sequer suspeitassem da razão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu... Não sabia das regras – tornou o saltimbanco, após alguns instantes, respirando fundo. – Ninguém me falou, e não... não reparei que aqueles papéis na parede eram sobre isso. Da próxima vez, prometo que...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E das outras vezes? – Não foi Ruaridh, nem Ranald que perguntou, mas sim o gesseiro, que segurava o braço como se estivesse numa tipoia. – E tudo aquilo que só começou a sumir depois de você estar na Escola?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sobre isso, já falei: não sei de nada – disse Cyprien, voltando à defensiva; o vozerio recomeçou, mas, antes que os ânimos se elevassem demais, Finn abriu caminho e irrompeu em meio ao círculo de homens zangados. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- O que está acontecendo? – perguntou, olhando de um lado para o outro e depois para Theoddor. – Uma das moças da cozinha viu o garoto ir à sua procura, e você sair correndo da horta... e agora todo mundo parece em pé de guerra! Tem a ver com o Cyprien? É aquilo de que Ruaridh nos falou há dois ou três dias?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quê</i>? Você tinha falado com os mestres a meu respeito? – Cyprien se voltou para o construtor, a expressão contraída, fazendo-o parecer mais velho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E se falei? Quem não deve, não teme – retrucou o outro. – Prove que não tirou nada do galpão sem avisar!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Prove <i style="mso-bidi-font-style: normal;">você</i> que tirei! – Agora, peito estufado, ele também parecia mais alto. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ei, vocês dois, tenham calma. Há um jeito muito simples de resolver o impasse – disse Finn, e se voltou para os aprendizes. – Não sei como vocês não pensaram nisso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu pensei – respondeu Elina, e suas faces brancas como neve se tingiram de um tom rosado. – E até tentei... mas não consegui. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Entendo. Não é simples, com a comoção. Na verdade, nem para mim – sorriu o mestre, e deu um passo em direção a Cyprien. – Mas veja, para saber se alguém está mentindo, é preciso focar na...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Nem ouse</i>! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Finn se deteve em meio ao gesto de erguer a mão e arregalou os olhos. Cyprien estava em pé diante dele, o indicador apontado, uma ameaça muito clara sobre o que o aguardava se cruzasse o limite. Era apenas um saltimbanco, apenas um homem sendo acusado por muitos – mas sua voz, ainda assim, soara cheia de poder.<o:p></o:p></span></div><br />
... <br />
<br />
<i>Imagem: Iluminura de códice medieval (séc. XV-XV) retratando um jardim de ervas.</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-9.html">Parte 9</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-11.html">Parte 11</a></b><br />
<br />
<br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-81455254858784956712020-03-08T05:46:00.000-07:002020-03-11T21:00:17.292-07:00Um Artista no Castelo (Parte 9)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Como assim? – Theoddor encarou o homem, espantado. – Como assim, o sujeito de Pwilrie? O que o faz pensar que a culpa é dele? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Só pode ser! – afirmou Ruaridh, com veemência. – Antes de ele chegar, isso não acontecia. Claro, vez por outra alguém se esquecia de anotar uma peça de tecido, levava um martelo para casa por engano, mas não seguidamente, como agora. Várias coisas sumiram só neste último quarto de lua! E, se a gente não viu... </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA4hiv7mB3pc46SpUu3mkItCoym-zIEkln08D8oOSRI1DQYtdhP3DEmcvy0WQ7hxF-kaRPDWFPSk8o8SPz7hT-dnMiLNMNuwbkBohXQ3EzLf0Cuj9OqaFzIsHhsmXeRkgwVuLIEBL6ELc/s1600/old+carpentry+tools.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1315" data-original-width="1600" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA4hiv7mB3pc46SpUu3mkItCoym-zIEkln08D8oOSRI1DQYtdhP3DEmcvy0WQ7hxF-kaRPDWFPSk8o8SPz7hT-dnMiLNMNuwbkBohXQ3EzLf0Cuj9OqaFzIsHhsmXeRkgwVuLIEBL6ELc/s320/old+carpentry+tools.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">-- Calma, homem. Muita calma. – Theoddor ergueu as mãos. – Diga, em primeiro lugar, o que sumiu. Lona e pregos, foi isso? E alguém viu Cyprien mexer nessas coisas?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Na nossa frente, não – admitiu o construtor, aborrecido. – Ah, já o vimos pegar ferramentas, mas essas ele pôs de volta antes de ir embora. Eram para consertar o banco da carroça do Hector.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E a lona e os pregos, para que seriam? Se ele ensina malabarismo e ensaia uma peça de teatro?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Isso é aqui no Castelo. Em Vrindavahn, tem a oficina de bonecos – lembrou Ruaridh. – Talvez ele use essas coisas lá.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Coisas da Escola? Hector não permitiria – disse Theoddor, e coçou a barba; aquilo lhe parecia no mínimo estranho. – E me diga uma coisa: tem certeza de que Cyprien foi avisado sobre as regras? Alguém explicou a ele que deveria anotar, lá naquele calhamaço de vocês, a retirada de qualquer material de trabalho? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- O velho Hector deve ter explicado. Foi ele que o trouxe para cá.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas Hector não tem vindo ao Castelo. Nem o sobrinho – disse Theoddor.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– Talvez Cyprien tenha pegado alguma coisa no galpão e deixado de registrar, simplesmente por desconhecer essa prática. Isso se tiver mesmo sido ele que fez isso. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">--<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Se</i> tiver? <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Só pode</i> ter sido ele! – exclamou o artesão, bufando pelas narinas. – É a única pessoa nova por aqui, entrando e saindo do galpão feito um gato: mais de uma vez me virei e dei com ele lá dentro, sem ter escutado um ruído sequer. Além disso – baixou a voz, assumindo um ar cúmplice --, ele veio de Pwilrie, não foi? Aquela cidade é cheia de trapaceiros.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Agora você disse uma asneira! – Algo se eriçou dentro de Theoddor. – É tão absurdo como quando os <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2012/10/as-casas-nobres-de-athelgard-e-as-onze.html">elfos de família nobre </a></b> fazem questão de casar entre si, achando que os outros valem menos e os humanos não valem nada. Ninguém é trapaceiro só por ter nascido em determinada cidade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas eles são, os de Pwilrie. Todos dizem isso!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu sei, e estão errados. É injusto acusar alguém com base nessas crenças. Aliás, é injusto acusar sem provas quem quer que seja. Quanto às regras do galpão, pelo que vejo, ninguém falou delas a Cyprien. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Bom... É, a gente não fala muito com ele – admitiu o outro, reticente. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Então, devem fazer isso, ao menos para que fique informado. Mas, por favor, sem forçar, sem acusá-lo. Vai ver como tudo se resolve – disse Theoddor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ruaridh fez cara feia, mas teve que concordar. Logo havia se despedido e voltado ao trabalho. Theoddor suspirou e se voltou para Finn, que ouvira tudo em silêncio, de braços cruzados.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Década vai, década vem, e as coisas não mudam – desabafou. – Um rapaz talentoso, prestativo, simpático... Era de se esperar que tivesse feito camaradagem com os outros artistas. Mas todos desconfiam dele, simplesmente porque veio de Pwilrie. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Nós, não – disse o outro, mas logo um sorriso cúmplice encurvou seus lábios. – Bom, mas o fato é não somos como a maioria das pessoas, e a Escola é além de tudo um lugar de acolhida. Nem todos pensam assim, mas já é alguma coisa educarmos nossos aprendizes nesse sentido. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É verdade. E os aprendizes adoram Cyprien. Existe até uma espécie de disputa – riu Theoddor. – Começou com os pequenos, a quem ele ensina malabarismo, fazendo questão de tomar parte na peça. Cyprien sugeriu que aparecessem como os moradores da cidade do tal Guedésio, mas então foi a vez de os outros dizerem que não: que é preciso ter público para o espetáculo, e a vez dos menores de estar no palco chegaria quando passassem ao Segundo Círculo. Pediram que Thalia interferisse, e ela deu razão aos mais velhos; disse que as crianças fariam melhor em estudar os símbolos e aprender a tabela de equivalência. É o que estão fazendo, mas desde então os dois grupos andam meio estremecidos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mesmo? Não notei nada em meus aprendizes, só que estão entusiasmados com a peça, mas, agora que falou, já tinha percebido que os menores têm estado de cara emburrada. Até Camdell, sempre tão distraído, foi capaz de notar alguma coisa. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Finn, você sabe se Linnet e Brenan estão com algum problema?,</i> ele me perguntou. Disse que os viu cochichando pelos cantos, e que Linnet parece mais calada e mais concentrada. Ela que nunca para quieta, muito menos em silêncio.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Riverast terá trabalho com nossos pupilos dentro de uns anos – disse Theoddor, sem reprimir um sorriso: por mais justa que fosse a sua causa, e melhores as intenções, a fundação da Escola de Artes Mágicas representava de certa forma uma vingança. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Contra as regras excludentes, não as da Magia, mas aquelas que os mestres haviam criado no passado a fim de manter suas tradições seguras. Contra as próprias tradições, que tinham <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/theoddor-de-vrindavahn.html">fechado tantas portas para Theoddor</a></b> e outros como ele. Contra os julgamentos apressados. Felizmente, desta vez, ele chegara a tempo de evitar o pior... ou assim pensou durante os dois dias seguintes, nos quais não foi ao anfiteatro e não tornou a ver Ruaridh. Cyprien apareceu no refeitório para o almoço, um dia cercado pelas crianças, no outro acompanhado pelos que ensaiavam a peça, sempre parecendo muito alegre e seguro de si. Quem adivinharia o que estava por vir?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">...</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;"><i>Imagem: Ferramentas medievais de carpintaria. Imagem livre, encontrada em sites educativos e Pinterest. </i></span></div><br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-8.html">Parte 8</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-10.html">Parte 10</a></b><br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-65228983795772372672020-03-01T14:37:00.003-08:002020-03-08T05:47:24.031-07:00Um Artista no Castelo (Parte 8)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Guedésio era um velho ranzinza, cuja porta jamais se abria para quem necessitasse de abrigo ou alimento. Declarava, alto e bom som, que os pobres só o eram por preguiça, que as crianças deviam aprender desde o berço o valor de meia moeda e que cada um era o único responsável por sua própria ventura ou desventura. Tinha especial aversão pelos saltimbancos, pois não admitia que a arte pudesse servir para ganhar o pão. No inverno, quando os lagos se cobriam de gelo e todos aproveitavam para calçar patins, o divertimento de Guedésio era levar baldes de água fria até a janela do seu sobrado, de onde os despejava sobre qualquer músico ou acrobata que ousasse fazer de sua porta local de espetáculo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuanPVlu25UuSKnkfUcqee_sEd4uztYX73lu1jsjBsh41MWV5glULSlYt90xOQjXCTl8tdV_trqjvzDWqwKv6Uvj_o2UeK-_oyL9kFLF-_4jLW-toaGYXdj0T_GoXPEXPW1v7zusWBiao/s1600/jogo+na+neve.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="389" data-original-width="800" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuanPVlu25UuSKnkfUcqee_sEd4uztYX73lu1jsjBsh41MWV5glULSlYt90xOQjXCTl8tdV_trqjvzDWqwKv6Uvj_o2UeK-_oyL9kFLF-_4jLW-toaGYXdj0T_GoXPEXPW1v7zusWBiao/s400/jogo+na+neve.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As coisas iam assim quando, no seu septuagésimo sétimo aniversário -- que coincidia com o solstício de inverno --, três jovens, que ele escorraçara daquele jeito, decidiram dar-lhe uma lição. Os três, cujo delito fora apenas passar sob a janela do velho cantando uma canção élfica, eram na verdade aprendizes de uma maga poderosa, e aproveitaram sua ausência para, com a ajuda de artefatos mágicos, transformar em gelo a casa, os pertences e tudo em que Guedésio tocasse. De uma hora para outra, ele se viu envolto em gelo no lugar de roupas quentinhas, viu gelo onde deviam estar as chamas da lareira e os alimentos da despensa; foi rechaçado por seus sócios e pelos supostos amigos, e nem sequer foi capaz de tomar a sopa distribuída no templo da cidade, pois o simples toque de sua boca a convertia em gelo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por fim, desesperado e sem abrigo, e depois de muito vagar nos arredores da cidade, Guedésio encontrou a casa da maga, que o fez passar por vários testes e desafios antes de desfazer o encanto dos aprendizes. Com isso, o velho se tornou um novo homem, mudou seu jeito de pensar e de proceder; a partir de agora, os saltimbancos que cantassem sob a sua janela podiam esperar uma chuva de moedas no chapéu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E, ao longo da peça, todos os símbolos, todos os ensinamentos. Não faltou nada – disse Theoddor, satisfeito. – Claro que ele mesmo não os conhece, foi informado pelos aprendizes, mas conseguiu encaixar tudo na história. Desenhou também os cenários, que serão móveis, com entradas e saídas, mas tudo muito simples. Um bom carpinteiro e um bom pintor terão aquilo pronto em três dias.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Então não vão precisar de gruas, nada disso, certo? Acho bom – disse Finn, inclinando a cabeça --, porque não dispomos de todo aquele aparato do testro de Madrath.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- De fato – disse Theoddor. – Mas acho que Madrath não combina muito com nosso amigo Cyprien... não acha?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tocou o pulso, aludindo às marcas que ambos tinham chegado a ver na pele do saltimbanco. Finn concordou com um gesto: sabia o que elas eram, e o que, possivelmente, significava alguém como Cyprien ter chegado em Vrindavahn com os restos de tinta no pulso. Um anseio, uma busca, um sonho que não dera certo. Ele tentaria levá-lo adiante, do mesmo jeito, noutra ocasião? Ou simplesmente redesenharia seus planos, como fizera o próprio Theoddor, muitos anos atrás?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Seja como for, este ano teremos uma peça interessante, não apenas instrutiva; e, se tudo correr bem, já será no novo anfiteatro. Um feito e tanto – comentou o mestre de Magia da Forma. – O Castelo está se transformando, dia após dia. O que diriam disso os seus antepassados?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não sei se gostariam muito... como também não gostariam de saber que eu, o único herdeiro, não levei a linhagem adiante. Mas não estão aqui para ver. – Fez uma pausa, afugentando da memória os olhos tristes de sua mãe, a dureza das palavras de seu pai. – Pelos anos que me restam, vou seguir em frente com meu plano. E veja só! Não está valendo a pena?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Estendeu os braços na direção do anfiteatro, do qual, duas luas atrás, pouco havia além da estrutura em forma de concha. Agora estava quase terminado, e com tempo de sobra antes da festa de solstício. Claro que estavam sujeitos a imprevistos – uma temporada muito longa de chuvas, por exemplo --, mas seu conhecimento de Ciências da Terra quase permitira a Theoddor afastar essa possibilidade. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com as bênçãos de Bragi, daria tudo certo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mãos às costas, seguido por Finn, que observava tudo à volta com interesse, ele caminhou ao longo das arquibancadas, indo em direção à arena onde montariam o cenário para a peça do solstício. Ali, Ruaridh, o mestre construtor, conferia algumas medidas, feições duras apertadas entre a barba e as sobrancelhas esfiapadas. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mestre Theoddor. – O homem se endireitou ao vê-lo. – Fazendo uma inspeção?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- De forma alguma. Apenas apreciando o bom trabalho. E estava comentando com Finn – prosseguiu Theoddor – que será muito bom, finalmente, vermos uma peça encenada como deveria ser.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ah... sobre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">isso</i>. – O artesão hesitou, cautela ou desagrado. – Posso ser bem direto com o senhor?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Claro que sim, Ruaridh. O que houve? Precisa de alguma coisa? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É, bem, vamos precisar de mais tinta, mas não é disso que se trata. O caso é que – esfregou os braços, pouco à vontade -- o pessoal está meio irritado, porque alguém vem usando as coisas do galpão de trabalho sem seguir as regras. Ferramentas ficam fora dois ou três dias; pregos e lona somem, e ninguém deixa um aviso sobre quem pegou, nem pedido para que reponham. E eu sei que o senhor não vai gostar de ouvir, mas... Tudo indica que quem está fazendo isso é o tal sujeito de Pwilrie. <o:p></o:p></span></div><br />
<i>Imagem: Batalha de bolas de neve retratada em afresco do Castello del Buonconsiglio, em Trento </i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-7.html">Parte 7</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-9.html">Parte 9</a></b><br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-2128086160225012612020-02-16T13:21:00.002-08:002020-03-01T14:39:28.192-08:00Um Artista no Castelo (Parte 7)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">-- Viu só, Mestre Theoddor? Eu disse que não ia ficar bom! Até aquele homem, que deve ser um artesão ou coisa parecida, consegue perceber isso!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cyprien, com as faces em fogo, se voltou para a mesa deles. A pessoa que falava era uma elfa de sangue puro – ele supôs por sua aparência, e teria mais certeza se soubesse quão mais aguçados que os humanos são os ouvidos de um elfo --, e não uma menina como Pardalzinho, mas uma garota mais velha, zangada e de mãos na cintura. Seus companheiros, outra moça e três ou quatro rapazes que deviam ser todos mestiços, e o próprio Theoddor a fitavam, constrangidos, sem saber como fazer frente àquele desabafo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgazL7XChbMuHx62PnViA2SJOmFwHp2il3h72urwuPAY6AP3Uopbg5m_D_hes-kaTuCij5cxK66Ae9NePx1IQkxp7S9hqBy9Au0mD7ObOWCvPNOnQd12JyXrX4G9Yb0em6zIU01AwCba7Y/s1600/Cyprien+cores.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1138" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgazL7XChbMuHx62PnViA2SJOmFwHp2il3h72urwuPAY6AP3Uopbg5m_D_hes-kaTuCij5cxK66Ae9NePx1IQkxp7S9hqBy9Au0mD7ObOWCvPNOnQd12JyXrX4G9Yb0em6zIU01AwCba7Y/s320/Cyprien+cores.jpg" width="224" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">-- Já no começo eu disse que não daria certo. Ninguém conversa assim! – Ela repetia exatamente o que Cyprien tinha pensado. – Ninguém parte de uma brincadeira, um jogo de palavras, para se exibir com tudo que sabe a respeito de símbolos!</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ela tem razão – disse um dos rapazes, coçando a cabeça. – Se meus amigos fossem assim, eu não acharia divertido jogar com eles,<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas amigos não são... Quer dizer, isso é teatro, é algo imaginado. Não é como na vida real – argumentou Theoddor. – Não tem que parecer o que vocês fariam de verdade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não é a vida, mas tem que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ter</i> mais vida – a elfa insistiu. – Foi o que eu li no livro que Mestre Camdell me emprestou. O que se faz num palco tem que ter por trás a emoção dos atores, e provocar também a do público. E nem eu sinto qualquer emoção ao dizer essas palavras, nem acho que o público vai sentir, como aquele homem disse com tanta clareza.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Seus olhos se voltaram para Cyprien, e com eles os de todo o refeitório: mestres e aprendizes tinham parado de comer para prestar atenção àquilo. O saltimbanco baixou a cabeça, respirando fundo, e esperou por uma resposta de Theoddor; esta, porém, não veio, e ele compreendeu que o silêncio não era mais que a sua deixa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Senhoras e senhores, uma vez que sua atenção foi atraída para mim, começo por me apresentar – disse, e se levantou devagar, criando efeito. – Sou Cyprien, um artista de Pwilrie. Estou nas Terras Férteis há uma lua, e faz apenas três dias que cheguei em Vrindavahn. Vim acompanhando um amigo, sobrinho do Mestre Hector, o marioneteiro; essa é uma das artes com as quais trabalho, além de malabarismo, que me fez ser contratado para ajudar no treino dos aprendizes. E, como sabem, o teatro de bonecos tem bastante em comum com o que os atores de carne e osso representam nos palcos, portanto... Com o meu pedido de desculpas, se isso os ofende... Por tudo que sei, o teatro deve agradar ao público, e o que ouvi dificilmente agradaria. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Como sabe? – A pergunta veio de longe, dos lábios da elfa mal-humorada que ele supunha ser uma das mestras da Escola. – Pode ter experiência com o público, não duvido, mas certamente só com o público comum, gente que vaia e aplaude os saltimbancos na praça do mercado. Aqui são todos mestres e aprendizes das Artes Mágicas, e as peças não são para entreter a assistência. Elas têm um propósito e um significado, que nem você, nem qualquer outro leigo são capazes de entender.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"></span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgysXj9Zr7iR_Y5SLiFZY6ZV9HAp8UUS_T62q9FFD4ELlM3wKpVLo9qTIOXO4ScTZQNRhyphenhyphenN_9dCOaNahEuajXv3Dzy1YB8tXMbDiziz6hurUV16fScE6ZtQAZb1ZTs10Sca7TXHzd7wjhc/s1600/thalia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1121" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgysXj9Zr7iR_Y5SLiFZY6ZV9HAp8UUS_T62q9FFD4ELlM3wKpVLo9qTIOXO4ScTZQNRhyphenhyphenN_9dCOaNahEuajXv3Dzy1YB8tXMbDiziz6hurUV16fScE6ZtQAZb1ZTs10Sca7TXHzd7wjhc/s320/thalia.jpg" width="224" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Thalia de Erchedel</td></tr>
</tbody></table><o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Compreendo, senhora – disse Cyprien, trincando os dentes. – Peço desculpas, mais uma vez, pela ofensa. Não cabe a mim dizer como uma história deve ser contada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E ainda assim... – Agora quem falava era o elfo ao lado dela, com a tiara nos cabelos, inclinando-se sobre o prato intocado. – Ainda assim, Thalia, nosso mestre artista tocou num ponto interessante. É verdade, o teatro tem um significado, não se trata apenas de entreter o público ou, como ele disse, de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">agradá-lo</i>; mas, ainda assim, a peça busca contar uma história. E, como Elina nos fez lembrar, ainda que um pouco exaltada demais, ao ponto de ser rude com Theoddor...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Peço perdão – disse a elfa, corando violentamente. – Perdoe-me, Mestre Theoddor, e o senhor também, Mestre Camdell. É só porque desde o início venho insistindo nesse ponto, e ninguém me deu ouvidos. Mas não queria ser rude com ninguém. Eu juro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Nem eu – disse Cyprien.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sabemos. Fiquem tranquilos. – Camdell ergueu a mão esguia, onde brilhava um anel de rubi. – Mas, deixando de lado esse tom um tanto brusco, Elina teve uma boa lembrança. O livro que lhe emprestei foi escrito por um dos maiores mestres que já discorreram sobre a arte teatral, e ele reforça a importância de manter o interesse do público, a fim de transmitir o que se deseja. Faz até menção à Magia – acrescentou, pensativo --, embora seja a praticada pelos xamãs, que passam ensinamentos para a tribo por meio de histórias. Também fazemos isso, mas muitas vezes nos limitamos a explicar, ou apenas ler um livro em voz alta. Já eles, ao narrar, mexem com as emoções, trabalham a Magia... com arte. É isso que eu quero tentar fazer em nossa escola.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Escola de Artes Mágicas – disse o meio-elfo ao seu lado, que até então estivera em silêncio. – É só pensar nisso, e o que você disse faz sentido.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ah, é mesmo, Finn? Muito bem, então – disse Thalia, cruzando os braços. – É sua vez de ajudar, porque eu já fiz minha parte, e Theoddor fez o que podia. Quem sabe um mestre de Magia da Forma, que entende tanto de rituais, possa obter mais sucesso?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ou... um mestre de arte? – indagou Camdell, e entrelaçou as mãos sob o queixo, olhando em cheio para Cyprien. – O que acha de ajudar a tornar a peça melhor?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu? – Foi um choque; ele quase engasgou. – Mas eu não...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, sim, sim, sim, sim! – gritou Pardalzinho, pondo-se de pé e ao seu lado num único salto. – Mestre Camdell, Cyprien entende tudo de arte, e é muito divertido. Aposto que a peça vai ficar ótima com ele!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu também acho – disse Theoddor, abrindo um sorriso calmo. – O que me diz, Cyprien? Os aprendizes sabem tudo que tem de estar na história; você só precisa sugerir um jeito mais interessante de contá-la. Sei que conhece a melhor maneira... de evitar a chuva de nabos – acrescentou, e algumas pessoas ao redor soltaram risadinhas. Finn, o mestre de Magia da Forma, e a meio-elfa ao seu lado também acharam graça, mas Thalia não; e quando Cyprien, sem saber como agir diante daquilo, finalmente concordou em ajudar com a peça, ela se levantou e se afastou com brusquidão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Façam o que quiserem, da minha parte eu sei que cuidei, e espero que não seja conspurcada. E que seja a última vez – advertiu, com o dedo no ar. – Precisamos de um Mestre de Sagas de verdade. Você me autoriza a buscá-lo, Camdell? Já que sua amiga preferiu viver na Floresta dos Teixos? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, Thalia. Pode escrever em meu nome; você sabe as condições – disse Camdell, com um suspiro. – Agradeço muito se conseguir alguém.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oh, de nada, de nada – respondeu ela, já de saída do refeitório. Suas longas vestes deslizaram pelo mosaico do chão, produzindo uma espécie de silvo. Cyprien sentiu sua pele arrepiar, mas, no instante seguinte, a voz de Finn o devolveu à verdadeira dimensão daquilo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Acho que Thalia não volta – disse ele, dirigindo-se a Camdell. – E ela nem tocou no pudim. Pode passá-lo para cá?<o:p></o:p></span></div><br />
<i>Cyprien e Thalia retratados por <b><a href="https://www.facebook.com/angeshopart/">Angela Takagui</a></b></i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-6.html">Parte 6</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/03/um-artista-no-castelo-parte-8.html">Parte 8</a></b><br />
<br />
***<br />
<br />
Pessoas Queridas, vou me ausentar por cerca de dez dias. Nesse meio-tempo, além de passear aqui pelo Castelo, convido vocês a visitar o blog da Editora Draco e saber um pouco mais sobre o processo de criação do Cyprien e as outras histórias sobre ele já disponíveis. Basta clicar <b><a href="https://blog.editoradraco.com/2012/03/a-vez-dos-saltimbancos/">aqui</a></b>.Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-86981531163999018202020-02-12T13:22:00.001-08:002020-02-16T13:22:42.775-08:00Um Artista no Castelo (Parte 6)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjWGB4PJoTY5JO7Z6o_ySmePPSWgKP2ezFs4RiTbnZPOYm8e8RtHqoCWNmj0Q_58LcWu42KHRp88ugj1SJ6qLJ0J4jVcrNm7wM-3Rj1xMflRJ4Hf1tP7Rt8JguQREqvgDIVJrKMR0-nZ0/s1600/Refectory_Franciscan_monastery_in_Katowice_Panewniki_Poland_060.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjWGB4PJoTY5JO7Z6o_ySmePPSWgKP2ezFs4RiTbnZPOYm8e8RtHqoCWNmj0Q_58LcWu42KHRp88ugj1SJ6qLJ0J4jVcrNm7wM-3Rj1xMflRJ4Hf1tP7Rt8JguQREqvgDIVJrKMR0-nZ0/s320/Refectory_Franciscan_monastery_in_Katowice_Panewniki_Poland_060.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os aprendizes se entreolharam por um momento antes de assentir. Cyprien repassou algumas explicações sobre o manuseio das bolas coloridas, que todos dominavam em teoria, e passou as próximas duas horas corrigindo os erros práticos. Deu uma demonstração também, embora sem os floreios do dia anterior, pois ali o que interessava não era mostrar o que sabia, e sim fazê-los observar e repetir seus movimentos. As crianças se comportaram como o esperado, errando mais do que acertavam, ficando frustradas e irritadas por causa dos erros e se animando quando percebiam ter feito algum progresso. Cyprien as encorajou, até distribuiu um elogio para cada um – neste a concentração, naquela a firmeza do pulso, na pequena, que nunca reclamava das repetições, a atitude --, mas deixou claro que só melhorariam com muita prática e muito esforço, e tinham que treinar um pouco nas horas vagas, de forma a ter o que mostrar quando ele voltasse a vê-los.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Vamos treinar, sim. Treinamos todos os dias – disse o menino de rosto comprido. – Não melhoramos muito porque o mestre que tivemos antes não explicou onde estávamos errando. Só disse para a gente praticar até acertar, e mais nada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Onde ele está agora? – perguntou Cyprien, e balançou a cabeça ao ouvir que não estava mais no Castelo. Melhor assim: faria do seu jeito, que transformara dezenas de crianças em artistas pelo menos razoáveis. Nunca tivera um aprendiz só seu, mas os mestres de Pwilrie sempre o preferiam para ajudar a treinar os mais novos. E, ao contrário do que temera, o fato de esses de agora terem sangue de elfo não foi nenhum empecilho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Um sino badalou, duas, três, inúmeras vezes, de forma que ninguém deixasse de saber que era meio-dia. Os operários interromperam o trabalho e começaram a se retirar, enquanto a aluna menor de Cyprien o puxava pela mão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Vamos comer! – Suas faces estavam coradas, e ela continuava a saltitar feito um pardalzinho. – Se a gente chegar logo ao refeitório, todo mundo consegue sentar junto!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Todos aqui comem no mesmo lugar? – perguntou ele, só para confirmar; não era assim tão estranho, era inclusive a prática nos castelos do Norte, onde senhores e servos comiam juntos no mesmo salão. Esperava encontrar algo parecido no Castelo das Águias, mas o refeitório ao qual os aprendizes o guiaram era, como logo percebeu, mais semelhante àqueles que se encontravam nos templos: em vez de uma mesa grande, com assentos elevados para os castelões, e outras laterais para acomodar os convivas em ordem de importância, aqui havia duas fileiras de mesas paralelas, com bancos onde cabiam quatro pessoas de cada lado – ou cinco, se fossem crianças – e uma pouco maior na lateral. Estivessem num templo e essa mesa pertenceria ao Preste Superior, ao Mestre do Coro e aos demais religiosos graduados; aqui, porém, era o lugar onde se sentavam os mestres da Escola de Magia, todos do mesmo lado, de frente para os aprendizes, artesãos e trabalhadores do Castelo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cyprien deu uma olhada discreta enquanto passava por eles, a certa distância, para ocupar uma mesa junto com Pardalzinho e seus colegas. Dois eram elfos: uma mulher carrancuda, que nunca terminava de passar manteiga num pedacinho de pão, e um sujeito de cabelos compridos usando uma tiara de bronze. Esse tinha à frente um prato cheio de verduras, que não estava se animando a comer. Ao lado estava um casal de meio-elfos, entretidos um com o outro e também sem muito apetite, ao que parecia. Faltava Theoddor – mas o primeiro relancear de olhos pelo salão bastou para vê-lo, sentado com um grupo de aprendizes mais velhos, enquanto um rapaz e uma moça se revezavam para declamar poemas em voz alta. Se é que eram poemas. Depois de algum tempo, tornou-se claro, para Cyprien, que se tratava de uma peça de teatro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E, embora os dois tivessem boas vozes, as falas eram incrivelmente ruins.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A comida chegou: travessas de verduras, grãos cozidos e carne já fatiada trazidas por duas mulheres. Cyprien se serviu, aceitou uma caneca de cerveja fraca e comeu em silêncio, prestando atenção à peça com as falas forçadas e praticamente sem história. Tratava-se de um mestre – de Magia, ele supôs – cujos aprendizes deviam cuidar da casa na sua ausência, mas que, em lugar de fazer uma festa ou qualquer coisa divertida, preferiam passar o tempo com um jogo de adivinhações. O jogo era pretexto para desfiarem conhecimentos sobre símbolos mágicos e a natureza do inverno. Era tão aborrecido que, a certa altura, o artista não foi capaz de disfarçar o que sentia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Que cara é essa? – indagou Brenan, o menino de rosto comprido. – O pudim até que está gostoso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Está mesmo. Fiz essa cara por causa do ensaio, ali no fundo. Para que estão fazendo aquilo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Para a festa de solstício de inverno. Sempre tem uma peça – explicou o garoto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, vejo que a ideia é ser uma peça, mas parece mais uma aula ou coisa parecida. Se estão representando um grupo de jovens, de aprendizes, por que falam desse jeito? E o público, o que vai achar? Em Pwilrie, se alguém apresentar uma peça assim, pode esperar uma chuva de nabos podres – disse Cyprien, terminando a cerveja. Tinha falado em voz baixa, para ser ouvido apenas por Brenan ou, no máximo, pelas outras crianças na mesa, por isso levou um momento para ligar suas palavras àquilo que se seguiu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Primeiro, uma espécie de vácuo, um corte brusco em meio à fala de uma das garotas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E, logo após, a voz da mesma garota, cheia de acusação.<o:p></o:p></span></div><br />
<i>Imagem: Refeitório de um monastério franciscano em Katovice, Polônia (Wikicommons)</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-5.html">Parte 5</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-7.html">Parte 7</a></b><br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-61903014136812262962020-02-06T17:26:00.002-08:002020-02-12T13:24:49.945-08:00Um Artista no Castelo (Parte 5)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">A expectativa de trabalhar na Escola de Artes Mágicas manteve Cyprien acordado boa parte da noite. Era a segunda na casa de Hector, numa cama confortável, ainda que improvisada, que já levara embora a fadiga da viagem. No dia anterior, pela manhã, ele fora se apresentar ao Conselho, acompanhado por Tomas e família; fizeram muitas perguntas, mas no fim lhe entregaram uma permissão de residência e trabalho, selada com as duas trombetas de Vrindavahn e com uma assinatura cheia de volteios. Dali foram almoçar com velhos amigos de Tomas, e todos se mostraram cordiais, mas Cyprien não conseguia tirar da cabeça a ideia de que o julgavam em silêncio, por sua origem, por seu ofício, pela cor de sua pele. Tinha uma dúzia de respostas na ponta da língua para dar a quem o insultasse. O julgamento, porém, ficou apenas nos olhos das pessoas, e ele aprendera muito cedo as duas maneiras possíveis de reagir a isso. Podia sustentar o olhar, permanecer altivo, manter-se sério ou até fechar a cara, de forma a deixar claro que não estava para brincadeira; ou, ao contrário, podia sorrir, mostrando que era um bom sujeito, sem nada a esconder, e não fazia jus à fama que acompanhava os saltimbancos de Pwilrie. Na verdade,<i> todas</i> as pessoas de Pwilrie, quando se vinha para as Terras Férteis. Pelo que vira em Madrath, até o prefeito de sua cidade seria olhado com desconfiança ao cruzar a fronteira.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">O senhor do Castelo das Águias não se mostrara desconfiado, embora houvesse demonstrado alguma surpresa ao conhecê-lo. Cyprien se inclinava a pensar que era um homem bom, ou pelo menos decente, e algo lhe dizia que voltariam a se ver dentro em breve. Quanto às pessoas a quem ensinaria malabarismo, eram uma incógnita; vira alguns jovens no Castelo das Águias, mas não sabia se eram aprendizes, e estavam distraídos e distantes demais para sequer reparar nele. Toda a experiência ficara para o dia seguinte.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><i>Hoje</i>.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir5nfU7gEdQb21UXcMgG_zat6h0Peq7ScaJFe99E7hKvdSQgUFWUTpKN2Cu_DNFOC5lU2udSbPL16FiCmZmIwxRcxwqgRTCr8RzU-hiDWzykV8byRePC0js8rBVWhcRjkhduUcngfcenk/s1600/Crian%25C3%25A7as.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="133" data-original-width="379" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir5nfU7gEdQb21UXcMgG_zat6h0Peq7ScaJFe99E7hKvdSQgUFWUTpKN2Cu_DNFOC5lU2udSbPL16FiCmZmIwxRcxwqgRTCr8RzU-hiDWzykV8byRePC0js8rBVWhcRjkhduUcngfcenk/s400/Crian%25C3%25A7as.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Quando os sinos do templo de Bragi anunciaram a nona hora, Cyprien se pôs a caminho, calculando o tempo que suas pernas jovens levariam em comparação ao passo descansado da égua de Hector. O velho artesão tinha ficado em casa, empenhado em organizar o anexo que lhe servia de oficina a fim de que Tomas reassumisse seu antigo lugar. Stela preparara o desjejum para todos e fora ao mercado com duas vizinhas, cada qual com um filho pequeno e mais que dispostas a acolher e aconselhar a moça estrangeira. Por sua vez, ela parecia contente em se ocupar apenas de Aryan e das tarefas de uma dona de casa. Talvez nem mesmo ajudasse nos próximos espetáculos, isso se chegassem a fazer algum, já que o trabalho no Castelo das Águias tinha rendido algumas economias. <i>Um inverno tranquilo</i>, pensou Cyprien, olhos presos às torres enquanto caminhava. Um inverno sem contar cada moeda, sem ter que passar o chapéu. Até onde se lembrava, essa seria a primeira vez.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- E o amigo, quem é? – Os portões do castelo estavam abertos, e uma carroça entrou, carregada com sacos de trigo, enquanto o porteiro assentia ao ouvir seu nome. – Ah, sim, o artista que começa hoje a ensinar malabarismo. Sabe onde deve ir?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">Cyprien fez que sim e rumou pelo caminho que fizera na véspera. Com o sol da manhã, o castelo parecia mais claro, mas o espaço exterior estava quase vazio, a não ser por umas poucas pessoas ocupadas em cuidar de uma horta. Ele passou por um tanque de peixes e um cercado de aves domésticas antes de virar à esquerda e chegar à ala tomada por tijolos e operários, além de um grupo de crianças praticando malabarismo diante do galpão de trabalho. Faziam-no muito mal, mesmo o garoto louro que era o único a conseguir manter três bolas no ar; nunca haveria uma quarta se ele não aprendesse a economizar os movimentos. A menina a seu lado mal conseguia cruzar duas bolas na altura do nariz. Era a menor de todas, onze ou doze anos talvez, com traços élficos bem pronunciados, como aliás todo o resto do grupo. Cinco pares de olhos oblíquos, cinzentos ou azulados, que não tardaram a perceber a presença de Cyprien.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Ih, olha. – O lourinho tocou o amigo mais próximo com o cotovelo. – Acho que ele chegou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Você é malabarista? – perguntou, sem cerimônia, a menina mais nova; tinha uma voz bem infantil, e saltitou sobre os pés ao falar, fazendo-o pensar num passarinho. – Se for, é o nosso novo mestre. Somos do Primeiro Círculo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Sou malabarista – disse Cyprien, sorrindo para ela. – E acho que sou seu mestre, mas não sei o que significa Primeiro Círculo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Aprendizes iniciantes. Que ainda não praticam Magia, só fazem exercícios preparatórios e estudam muito – esclareceu um garoto de rosto comprido. – Até o Terceiro Círculo, se é considerado aprendiz. Sairemos da escola como magos, iniciados do Quarto Círculo, mas para ir adiante precisaremos achar um mestre, ou ser aceitos na Escola de Magia de Riverast.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Outra das Onze Cidades, não é? Bom, eu venho do Leste, de uma cidade chamada Pwilrie – disse Cyprien. -- Não entendo nada de Magia, mas – fez um gesto, pedindo que lhe entregassem as bolas pintadas --, de arte entendo bastante, pelo menos algumas. Vi a prática de vocês, enquanto me aproximava, e vamos ter que corrigir certos problemas na base, voltar um pouco atrás nos exercícios. Se não, irão em frente cometendo erros, e logo será quase impossível progredir.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Mas a gente... – o de rosto longo começou, mas fechou a boca, parecendo envergonhado.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- A gente o quê? Pode falar – Cyprien o encorajou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- A gente não precisa progredir na arte. Com todo respeito – acrescentou o menino. – Não vamos ser malabaristas. Isso é só para aprendermos concentração.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- É? Como assim? – Cruzou os braços, disposto a ouvir; talvez não tivesse entendido. – O Mestre Theoddor disse que vocês fazem outros exercícios, que aprendem com os magos, ao mesmo tempo que praticam. Mas mesmo assim têm que se aperfeiçoar nisso aqui, certo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Certo. Precisamos fazer isso sem pensar – disse o de cabelos louros. – A ideia é que nos concentremos tanto que não pensemos mais nas mãos. E depois não vamos precisar das mãos. Só da vontade mágica.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Vontade mágica? A... a Magia vai <i>mover</i> os objetos para vocês? – Cyprien franziu a testa; parecia difícil de crer, mas todos estavam assentindo com entusiasmo, como se o cumprimentassem por ter entendido rápido. – Querem fazer malabarismo <i>sem usar as mãos</i>?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Isso mesmo! <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2011/05/finn-e-sophia-de-riverast.html">Mestre Finn</a></b> consegue – disse o lourinho. – É o mestre de Forma e Pensamento aqui da Escola. Ele ainda não dá aula para a gente; antes disso, entre outras coisas, temos de aprender a jogar três bolas sem errar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 1.5px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">-- Logo, progredir na arte – disse Cyprien, com alívio; tinha encontrado o fio da meada, e não iria perdê-lo. – Se têm de fazer malabarismo com perfeição, não importa se é para ser magos ou artistas, devem parar de cometer erros. E eu estou aqui para ajudá-los. Vamos lá?<o:p></o:p></span></div><br />
<i>Imagem: Crianças dançando em livro medieval (cerca de 1500)</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-4.html">Parte 4</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-6.html">Parte 6</a></b>Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-68208321282309900522020-02-02T16:06:00.001-08:002020-02-06T17:27:59.572-08:00Um Artista no Castelo (parte 4)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">O velho marioneteiro estava de costas para a porta e mostrava alguma coisa ao rapaz arruivado, que olhava atentamente para suas mãos. Assim, só o moreno viu o senhor bem-vestido entrar no galpão de trabalho, e na mesma hora assumiu uma postura defensiva. O sorriso apareceu no instante seguinte, um sorriso claro e fácil de artista, de quem depende da simpatia do público para comer. </span><i style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Esse rapaz deve ter passado maus bocados na vida</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">, pensou Theoddor.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mestre. – O jovem tocou o ombro de Hector, alertou-o com os olhos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- O quê? Ah, Theoddor! – O artesão se voltou, sorrindo, ele também, porém sem reserva. – Não imagina a alegria que o dia de ontem me trouxe! Veja, este é meu sobrinho, Tomas... Já lhe falei sobre ele, não?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, sim! Sobrinho e aprendiz de ofício, certo? – Estendeu a mão para o ruivo, que a apertou com firmeza, a expressão séria. – É um prazer conhecê-lo. Vai ficar na cidade?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ele não sabe – Hector respondeu pelo rapaz --, mas vai passar o inverno, e me dará uma boa mão na oficina. Se decidir ficar, talvez possa me auxiliar na Escola. Já o amigo dele está vindo hoje porque, além de trabalhar com fantoches, é malabarista. Ouvi, por esses dias, os aprendizes dizendo que precisavam de um.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Pois precisamos – disse Theoddor, e olhou dentro dos olhos do rapaz. Estavam inquietos, mas eram límpidos e sustentavam seu olhar: ele não escondia nada além da desconfiança. E, ao perceber os traços de tinta em seu pulso, Theoddor teve uma boa ideia do motivo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Cyprien de Pwilrie – repetiu, ao lhe apertar a mão. – Veio de longe, Cyprien. É sua primeira visita às Terras Férteis?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Pode apostar – disse o rapaz, e completou com um instante de atraso: -- Senhor Theoddor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Hum, bom, não vou dizer para me chamarem pelo nome, como Hector, porque vocês são quase crianças perto de nós. Mas, se é para ter cerimônia, prefiro que me chamem de Mestre. É o que sou, na Escola de Artes Mágicas... onde, suponho, você pretende trabalhar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, meu tio pensou nisso, mas só se houver trabalho para mim – disse Tomas, com seu jeito sério. – Se não, ficarei na oficina, em Vrindavahn, e ajudarei nos espetáculos. Não se incomode conosco.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não é incômodo! Seu tio Hector é excelente artesão; combinamos que ele voltaria logo após o solstício, e se você estiver com ele será bem-vindo. Já seu amigo... Bem, malabarismo é uma das artes mais usadas para ajudar na concentração, e nossos meninos e meninas mais novas continuam precisando de um mestre. Alguém que seja paciente e bom no que faz.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Cyprien é muito bom – afirmou Tomas, e se voltou para o amigo. – Mostre a ele.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oh, não. Isso pode ficar para... – começou Theoddor, mas se calou ao ver o rapaz moreno se pôr em movimento. Ele nunca estivera naquele galpão, mas foi direto a um canto onde ficavam algumas bolas usadas no malabarismo e, mesmo agachado, atirou cada uma para cima e as sopesou nas mãos para escolher as que lhe convinham. </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqAnTjwo-DoPSzn_aonxY2la8jKcnkjbXD5cfQTUadRYpY0_QePBDrzYohZLAgg7HQoeauT4dUvRUVXov-GZfl5K7QYtFCK2tzY2wujOrkA59MwHIDIRXPdh0wfWfaKfcKuru5U2-iEu8/s1600/juggler.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1049" data-original-width="564" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqAnTjwo-DoPSzn_aonxY2la8jKcnkjbXD5cfQTUadRYpY0_QePBDrzYohZLAgg7HQoeauT4dUvRUVXov-GZfl5K7QYtFCK2tzY2wujOrkA59MwHIDIRXPdh0wfWfaKfcKuru5U2-iEu8/s400/juggler.jpg" width="215" /></a></div><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Ao se levantar – aos poucos, com movimentos fluidos como os de um gato --, já tinha começado sua demonstração, as bolas de madeira pintada saltando sem esforço de suas mãos e girando no ar, cinco seis, sete, um círculo completo que se repetiu três vezes antes que Cyprien introduzisse uma variação. Suas mãos não hesitavam, o olhar agora suavizado, atento às bolas que fazia cruzar sobre sua cabeça, passar por baixo do braço ou da perna, quicar no chão antes de retomá-la e devolvê-la ao círculo multicor que girava à sua volta, como se o artista fosse o sol. </span><i style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Perfeito, preciso, concentrado</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">, pensou Theoddor. O que Camdell não poderia ter feito por esse rapaz, se ele fosse dez ou doze anos mais jovem?</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Er... Cyprien, acho que já chega. – A voz de Hector quebrou o encanto. – Mestre Theoddor já viu que você é bom nisso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sou? – Um sorriso encurvou os lábios do rapaz, as bolas ainda no ar, os olhos voltados para Theoddor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Certamente! O melhor que já vi – foi a resposta sincera. Cyprien assentiu e, a partir daí, foi retendo as bolas coloridas e as deixando uma a uma sobre uma mesinha, enquanto Theoddor voltava a falar. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Se quiser trabalhar conosco, e espero que queira, sua função será orientar tanto iniciantes quanto jovens que já têm alguma prática. Esses, durante o treino, vão fazer alguns exercícios propostos pelos Mestres de Magia, e você deve ser tolerante com o tempo e as necessidades deles. Pagamento, seis peças de bronze a cada quarto de lua, e todas as refeições no castelo. Temos um trato?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Seis de bronze, mais a comida? Nem tenho o que pensar – sorriu o rapaz. Parecia outro, mais confiante, mais aberto, mais amigável, como se mostrar o que sabia o houvesse feito baixar suas defesas. Se lhe perguntassem, Theoddor diria que tinha gostado dele.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Então está certo. Pode vir amanhã cedo, ao nascer do sol, se quiser tomar o desjejum; ou pela décima hora, se preferir dormir um pouco mais e só chegar para o treino. Os aprendizes serão avisados para vir à sua procura. E, Tomas, após o solstício, você é bem-vindo para se juntar a nós, na qualidade de ajudante de seu tio. O pagamento dele aumentará em três bronzes, e eu tenho certeza de que ele será justo com você.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Serei, sim! Vou até puxar a orelha dele como antigamente – brincou o velho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Posso apostar que ele merecia – Theoddor riu junto. – Bem, tudo encaminhado. Mandem dizer se precisarem de alguma coisa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Os três assentiram, deixando claro, pela expressão em seus rostos, que nada tinham a acrescentar para o momento. Um pouco mais e ficariam constrangidos, por isso Theoddor se despediu e deixou o galpão de trabalho. Continuou a caminhar pela ala, inspecionando as obras do anfiteatro e tomando notas para futuras providências, mas volta e meia se descobria pensando nos recém-chegados. Ou melhor, em Cyprien de Pwilrie, que na verdade não vinha de tão longe, mas cuja presença nas Terras Férteis era no mínimo inusitada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Fosse quem fosse, ele devia ter boas histórias para contar.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span> <br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">*****</span></span></div><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></div><br />
<i>Imagem: malabarista, retratado no Gradual de Saint-Etienne de Toulouse, coleção Europeana da British Library.</i><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-3.html">Parte 3</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-5.html">Parte 5</a></b><br />
<br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-22561943633071693222020-01-27T15:04:00.000-08:002020-02-06T17:28:36.232-08:00Um Artista no Castelo (Parte 3)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAEOWge22UCPMkyM2cFBERMLXh83-tAzW0inhfV2dLFg4u6x4RIpb8MCXGc6HnNEkUCPtZFFvj7BnBsPTvoX-Odi1qCwjlgaJJ0z3Tc2V_-n5VgK03qnW9MC4wQYnR7YzL-ZEr_RjoJfs/s1600/constructors.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="652" data-original-width="700" height="370" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAEOWge22UCPMkyM2cFBERMLXh83-tAzW0inhfV2dLFg4u6x4RIpb8MCXGc6HnNEkUCPtZFFvj7BnBsPTvoX-Odi1qCwjlgaJJ0z3Tc2V_-n5VgK03qnW9MC4wQYnR7YzL-ZEr_RjoJfs/s400/constructors.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">À sua esquerda, um grupo de operários passou carregando tábuas, e mais à frente se erguia a pilha de tijolos que a olaria entregara na véspera. Somando tudo, estavam indo bem, até adiantados na construção do anfiteatro, onde mestres e aprendizes da Escola de Artes Mágicas passariam a se reunir para festas e cerimônias. Outro grupo se empenhava em ampliar a ala destinada a hospedar os aprendizes, providência urgente em vista das cartas que não paravam de chegar. Vinham de todas as cidades e muitas aldeias das Terras Férteis: cartas de magos dando notícias de jovens promissores, a quem por alguma razão não podiam ensinar; cartas de conselheiros, de letrados e até mesmo de Prestes esclarecidos, com teor semelhante, mas escritas num tom cauteloso, indagando o que fazer com aqueles rapazes e moças cuja simples presença bastava para que a louça despencasse das prateleiras. Por fim, havia cartas enviadas pelos próprios jovens, uns orgulhosos, outros aflitos, muitos simplesmente esperançosos, pedindo ajuda para lidar com o Dom recém-descoberto da Magia ou manifestando o desejo de aprendê-la, ainda que todos ao seu redor afirmassem que seria impossível. Essas eram as preferidas de Theoddor, e ele prometera a si mesmo não medir esforços para receber e instruir os postulantes. Nem todos se tornariam magos – isso podia acontecer até mesmo com os que tinham o Dom inato --, mas em muitos a Magia iria florescer, alimentada pelo sonho e pela Arte. Talvez até nos três espertinhos que tinham se juntado, julgando-se escondidos por trás da pilha de tijolos, para jogar conversa fora em vez de praticar como deveriam.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Eles estavam no castelo havia mais de um ano, cada qual com seu talento, com seu sonho, com sua dificuldade. Donovan, o rapaz de nariz arrebitado, não conseguia cantar no tom. Elina de Herrien tinha dificuldade para se concentrar, e Marla de Kalket era tão desajeitada que tudo lhe caía das mãos, mas, desde que insistissem e fizessem os exercícios, todos iriam melhorar. Todos estavam ali por um propósito, assim como a Escola. E, sendo elfos e meio-elfos, e ainda por cima tão jovens, tinham todo o tempo do mundo para aprender.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mesmo assim, era preciso que o usassem melhor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Muito bem... Pegos em flagrante! – exclamou Theoddor, surgindo por detrás dos tijolos; os três se encolheram, e o mestre não disfarçou um sorriso. – Ou muito me engano ou há uma aula sendo dada neste momento, na qual todos vocês deveriam estar. Não é verdade?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Hum, não tenho certeza. – Donovan fez cara de inocente, olhou para a amiga mais próxima. – Tínhamos algo marcado para hoje?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não estou bem lembrada – disse a moça de Kalket, entrando no jogo. – Deixe-me ver...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ah, parem com isso! Tem uma aula com Mestra Thalia – disse a outra, e olhou para Theoddor, com ar constrangido. – Desculpe, Mestre. Nenhum de nós estava... inspirado para ouvir falar de símbolos e correspondências.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oh! E o aprendizado depende apenas de inspiração? – Theoddor cruzou os braços, forjou uma expressão severa, que levaram mais ou menos a sério. – Lembrem-se, vocês três: a intenção está por trás de todo ato de Magia, e ela começa por querer fazer alguma coisa. Mesmo quando tudo que apetece é estar com os amigos, jogando conversa fora.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mestre... Não era isso que estávamos fazendo. Não fomos à aula, é verdade, mas tínhamos que acertar detalhes sobre a peça do solstício de inverno – disse Elina de Herrien, uma elfa de cabelo prateado e olhos cor de violeta. – Mestre Camdell nos deu um roteiro, mas estamos com dificuldade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mas ainda têm bastante tempo antes da cerimônia. E uma excelente mestra para ensinar os princípios e as leis da Magia, que aliás podem lhes ser de boa ajuda – lembrou Theoddor. – Não entram símbolos na peça? Cores, aromas, representações? Em tudo isso Thalia pode orientá-los. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, mas é que... nosso problema não é esse. É a peça em si – disse Donovan, coçando a ponta do nariz. – A história que vamos contar. Precisa ter os símbolos, mas... mas não é só isso. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Não sabemos o que e como fazer – explicou Marla de Kalket, meio-elfa como o rapaz. – Mestre Camdell sugeriu uma porção de livros, mas não temos tanto tempo assim. Queríamos algo mais direto. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Entendo – disse Theoddor, com um suspiro. – É, eu sei, ainda não conseguimos um Mestre de Sagas. Mas, olhem: por enquanto, se quiserem, posso ouvir as ideias de vocês e tentar ajudá-los.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Ótimo! Por mim, podia ser agora mesmo! – afirmou Marla. Os colegas assentiram sem muito entusiasmo, como se soubessem o que Theoddor diria em seguida.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Agora, de jeito nenhum, porque vocês estão perdendo uma aula importante. Já para a torre, sem discussão! – Resmungos dos três: eles tinham que representar seu papel até o fim. – Cheguem ao refeitório uma hora antes do jantar, e então conversaremos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mais resmungos, dessa vez em concordância, enquanto os jovens se punham a caminho da Ala Azul. Theoddor os acompanhou com o olhar, consciente de que havia mais uma questão a ser resolvida. A Escola não podia seguir sem um Mestre de Sagas, nem, por mais que houvesse músicos excelentes em Vrindavahn, sem um mestre de Música que entendesse de ritos e cerimônias mágicas. Ele partilhara sua preocupação com Camdell, que prontamente escrevera a seus amigos em Kalket pedindo indicações; recebeu algumas respostas, mas sua intuição de mago e mentor da Escola o fez recusar todos os candidatos, à exceção de <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2015/06/maryan-mestra-de-sagas.html">uma jovem Mestra de Sagas</a></b> que seguia os ensinamentos do sábio Odravas. Queria estar mais próxima da natureza, e, embora Vrindavahn ficasse a um pulo de distância, o Castelo das Águias e sua floresta pareciam uma boa opção. No fim, porém, acabou se mudando para uma aldeia lá no Norte distante, de onde enviava longas cartas contando sobre o frio, a gentileza dos elfos da tribo local e as conversas sempre curiosas que mantinha com o xamã.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ao menos não tivemos problemas com os mestres de Magia</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">, pensou Theoddor, enquanto retomava a caminhada. Finn e Sophia, Thalia e Camdell, além dele próprio, responsável pelas Ciências da Terra, que sempre tinham sido sua paixão – ali estava uma ótima equipe, mesmo que ainda não fosse a ideal. Quanto aos mestres das Artes, não poderiam estar mais bem servidos do que em Vrindavahn. A menos, talvez, que tivessem ido a Madrath, onde havia a Escola de Teatro, os estúdios de grandes pintores e escultores, a Arte mais sublime das Terras Férteis... Mas seria ingênuo supor que uma proposta como a de Camdell seria bem aceita em Madrath ou em qualquer das <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2012/10/as-casas-nobres-de-athelgard-e-as-onze.html">Onze Cidades</a></b>.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Senhor Theoddor! – Um operário acenou a curta distância, um homem de meia-idade que crescera em Vrindavahn, acostumado a olhar com deferência para os membros de sua família. – O velho Hector, o dos fantoches, estava à sua procura um pouco mais cedo. Deve estar no galpão de trabalho, ele e dois rapazes que vieram junto. E me pediu para avisar se o senhor aparecesse por aqui.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Theoddor agradeceu e deu meia-volta rumo ao galpão. O antigo depósito fora reformado para comportar um espaço amplo, com mesas de trabalho, ganchos e prateleiras para guardar as ferramentas de vários ofícios. Era o local onde estocavam boa parte dos suprimentos, onde os mestres artesãos preparavam o material para suas aulas e às vezes recebiam os aprendizes, principalmente quando chovia. A área pertencia a eles, franqueada por Theoddor desde que os convidara a trabalhar na Escola; mas seu uso devia obedecer a uma infinidade de regras, e Hector dera prova de estar cumprindo uma delas. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Parentes, ajudantes, artistas ou operários em busca de trabalho: qualquer pessoa trazida ao Castelo das Águias pela primeira vez devia ser apresentada ao anfitrião.<o:p></o:p></span></div><br />
<br />
Imagem: construtores, retratados em pintura de livro medieval <br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-2.html">Parte 2</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/02/um-artista-no-castelo-parte-4.html">Parte 4</a></b><br />
<br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-34780844817261819782020-01-22T17:00:00.000-08:002020-01-27T15:06:07.905-08:00Um Artista no Castelo (Parte 2)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcr1CSfXCS6fGYp-_BVNGV6wNbiIKBzF596rREr-yi89oalBOLi88y4LKcogd1roZWIL2NAQYCugv8QckMnwJKh-kh7N_SM363oH9j1hwVWqLAKpBt5bXOR403BVY88vK7wuKe_38ufc8/s1600/Medieval+pie.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1018" data-original-width="1600" height="253" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcr1CSfXCS6fGYp-_BVNGV6wNbiIKBzF596rREr-yi89oalBOLi88y4LKcogd1roZWIL2NAQYCugv8QckMnwJKh-kh7N_SM363oH9j1hwVWqLAKpBt5bXOR403BVY88vK7wuKe_38ufc8/s400/Medieval+pie.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Nem posso acreditar, Tomas! Você, de volta... Depois de todos esses anos! – A emoção mal permitia que Tio Hector falasse; ele fitava intensamente o sobrinho, a ponto de não enxergar as outras pessoas ali paradas, de pé, a menos de dez passos. – Era um menino, mal tinha começado a fazer a barba, e agora, agora... Olhe só para você!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Nem tanto, tio. Eu já tinha dezessete – sorriu Tomas. – Claro que mudei, mas o principal é... Bom, melhor que você os veja por si mesmo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Quem? Oh, claro, seus amigos. – Hector se voltou para o casal que aguardava em silêncio, a moça de cabelo castanho e o rapaz moreno com o bebê dormindo no ombro. – Sejam bem-vindos, caros... hum, como se chamam?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Eu sou... – Cyprien começou a falar, mas Tomas interveio, sorridente, ao mesmo tempo que puxava Stela para junto de si.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Olhe bem para o menino, tio! Não pode ser filho deles dois, pode? – indagou, sorrindo ao ver o espanto, logo transformado em ternura, nos olhos do velho tio. – Esta é minha mulher, Stela. Eu a conheci no País do Norte. E esse é nosso filho, Aryan...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Como seu pai!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, tem o nome dele. O próximo será Hector – afirmou Tomas, cheio de certeza. – E agora lhe apresento Cyprien de Pwilrie, meu grande amigo e parceiro de estrada. Ele nunca tinha vindo às Terras Férteis, e não teve boa impressão do que já viu, por isso peço que me ajude a desfazê-la nos próximos dias.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, claro! O que eu puder fazer por seu amigo! – exclamou Hector, ainda emocionado. – Seja bem-vindo, Cyprien. E você também, é claro, Stela! Bem-vinda à família! Entrem, fiquem à vontade!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Obrigado, senhor, mas... temos que acomodar o cavalo – disse Cyprien. Fez isso de propósito, porque não haveria problema em deixar o animal ali fora por uma hora ou duas, mas aquele era um momento de reencontro, de família. Tio Hector hesitou, mas logo compreendeu seus escrúpulos e explicou onde ficava o estábulo mais próximo, enquanto Stela pegava o bebê e Tomas retirava da carroça a bagagem de uso mais imediato. Então entraram na casa atrás do velho, e Cyprien esperou que fechassem a porta antes de conduzir o veículo até a rua seguinte.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ao regressar, encontrou todos à mesa, ao redor de uma torta de carne temperada e copos de cerveja. Falavam sobre gente de Vrindavahn – vizinhos, conhecidos, companheiros de infância de Tomas, vários dos quais também já eram pais de família --, mas, ao mencionar outros artesãos, a voz de Hector abandonou o tom saudoso e se tornou animada, um prenúncio às boas novas que tinha para dar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Você se lembra, é claro, de <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/theoddor-de-vrindavahn.html">Theoddor</a></b>, o ricaço que herdou o Castelo das Águias. – Era o castelo que Cyprien vislumbrara a distância, sobre a montanha. – Lembra como todos na cidade diziam que ele era excêntrico? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Lembro, é claro – Tomas confirmou. – Diziam que era um bom homem, muito generoso, mas só vivia colhendo flores e lendo livros e não regulava bem.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sim, isso mesmo. Pois bem: ele resolveu fundar uma escola no castelo, mas não uma escola comum. – Fez uma pausa, aguçando o interesse dos três, e prosseguiu em tom solene: -- Ele fundou... uma escola de Magia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O quê</i>? – A exclamação foi uníssona. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É o que ouviram – declarou Hector, satisfeito com a reação. – Não entendam errado, Theoddor não é um... um feiticeiro ou coisa parecida. Ele explicou a todos, inclusive no Conselho, que a Magia pode servir para fazer o bem; para ajudar a curar doenças, para proteger a cidade, para conhecer as plantas e saber quando chove. E os Conselheiros fizeram algum acordo com ele sobre o Castelo das Águias, que tem a ver com impostos, e aí tudo começou. Um mago veio morar aqui – um elfo chamado Mestre <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2011/04/camdell-de-riverast-e-escola-de-artes.html">Camdell</a></b> --, e depois veio outra maga, e em seguida um casal, e cada um desses últimos trouxe meia dúzia de aprendizes. Agora já deve haver uns trinta ou quarenta vivendo lá, jovens e até crianças a partir dos doze anos. Mas o melhor vocês não sabem. – Inclinou-se, buscando cada um daqueles pares de olhos incrédulos. – Além de Magia, essa escola também oferece aprendizado em algumas artes. Música, pintura, teatro...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Teatro? – Cyprien se retesou no assento; aquilo lhe interessava. – Pensei que só se pudesse aprender em Madrath.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E que a única Escola de Magia fosse em Riverast – disse Tomas, corroborando o que tinham lhe dito sobre as leis da Liga das Terras Férteis. – Não sabia que podiam fundar outras.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Nem eu, mas pelo jeito é possível, tanto que o fizeram. E ensinam artes, como eu disse. Com isso, alguns de nós, artistas e mestres artesãos de Vrindavahn, fomos convidados para ir lá e oferecer esse aprendizado.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Quê...! – Tomas ergueu as sobrancelhas, sem fôlego. – Então você, Tio Hector, foi ensinar os magos a... a fazer fantoches?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Os magos, não. Os aprendizes. Garotos, com dezessete ou dezoito no máximo, e umas poucas meninas. Todos de orelha comprida, e alguns com o nariz em pé, como seria de se esperar. Mas, no geral, gosto deles, são inteligentes, esforçados... Gosto de Theoddor e do Mestre Camdell, que me tratam com respeito. E, é claro – riu, de um jeito que o fez parecer mais novo --, gosto do bom dinheirinho que isso me traz a cada quarto de lua. É bem melhor que depender do que pinga no chapéu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- E ainda faz apresentações? – Tomas, de repente parecendo apreensivo. – Teve dificuldades, nesses anos em que estive fora?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-- Dificuldades? Ah, meu filho, qual o artista que não tem? Não se sinta culpado. – Sorriu, de novo transformado em velho tio, rugas de bonomia em torno dos olhos, sobrancelhas espessas. – Sempre consigo ajuda aqui e ali, e não se esqueça de que sou o primeiro a ser procurado quando se trata de fazer ou consertar bonecos. Passei a ter muitos prontos, com ou sem cordéis, e as crianças já os conhecem, sempre vêm comprar. Nunca faltou um prato de comida ao velho Hector.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Fico feliz por saber disso, tio. Eu... sei que agi mal, deixando-o tanto tempo sozinho – disse Tomas, contraindo a boca. – Mas agora vou ajudá-lo, vou retomar meu lugar na oficina, nos espetáculos, vou... bem, fazer o que houver para ser feito. Stela também. Não pretendemos viver às suas custas, pode ter certeza.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Oh, eu sei, eu sei, mas então... Vieram para ficar? De vez, não só para uma visita?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pousou a mão sobre a de Tomas, os velhos olhos brilhando, marejados. Cyprien relanceou um olhar para Stela, viu-a também comovida, respirou fundo. Com um tio tão querido e uma casa confortável, ainda mais tendo esposa e filho a quem devia prover, eram mínimas as chances de que seu parceiro quisesse voltar às estradas. Mas quem poderia culpá-lo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- De vez, não posso afirmar, Tio Hector – disse Tomas, porém seus olhos transbordavam de promessas. – Mas vamos passar o inverno aqui com você, nós três. Quer dizer, nós quatro. Espero que Cyprien...?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Claro! Eu já não disse? Seu amigo é bem-vindo. Há trabalho de sobra na oficina, se ele tiver jeito para isso. No Castelo, por ora, as coisas estão um pouco paradas, pois estão se preparando para as festas do solstício de inverno. A não ser... Bom, pelo que você contou, entendi que ele domina outras artes. E lá precisam muito de malabaristas que treinem os aprendizes mais novos. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Mesmo? Então eles têm sorte: eu trouxe o melhor! – exclamou Tomas, batendo nas costas de Cyprien. – Viu só? Eu disse que em Vrindavahn você seria bem recebido! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- É verdade. – Voltou-se para o velho, disfarçando sua inquietação com um sorriso. – Obrigado, Mestre Hector.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Que é isso, rapaz. Um amigo de Tomas também é meu amigo. Além disso, somos todos artistas. Não se deixa um companheiro de ofício na mão, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cyprien assentiu, mas, pelo resto da noite, não conseguiria ficar inteiramente à vontade. A ideia de tratar mais uma vez com elfos, como pareciam ser as pessoas do Castelo das Águias, não lhe agradava nem um pouco, e ainda por cima aqueles eram praticantes de Magia. Poderiam lançar feitiços sobre ele e dominá-lo; ou, pior ainda, podiam amaldiçoá-lo, de forma que nada, nunca, desse certo em sua vida. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A não ser que fosse mais forte do que isso. E que fizesse seu próprio destino, como até agora. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">E, enquanto os outros brindavam ao reencontro e a um futuro ensolarado, Cyprien de Pwilrie cerrou os lábios, decidido a não permitir que os magos do Castelo das Águias lhe causassem qualquer mal.<o:p></o:p></span></div><br />
<div style="text-align: center;">***</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div>Imagem: torta medieval, feita com carne de caça. Leia mais a respeito <b><a href="https://themedievalhunt.com/tag/pie/">aqui</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-1.html">Parte 1</a></b><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-3.html">Parte 3</a></b><br />
<br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-28195384382585897652020-01-21T08:14:00.000-08:002020-02-06T17:28:46.552-08:00Um Artista no Castelo (Parte 1)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.45pt;">Pessoas Queridas,</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Hoje começo a postar um (longo) conto sobre a passagem de Cyprien de Pwilrie pelo Castelo das Águias, pouco tempo após a fundação da Escola de Artes Mágicas. Espero que vocês gostem e joguem uma moeda para o saltimbanco. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Sem esquecer a do bruxo, é claro. ;) </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQhyJ6Df8ydImr-u9iT-cxWDZ13vsNr7TZQ1g033OhgtUzxHEiSSYkt4fWBPPndAKfrSGJ6H0KUTTY4r2xVA9lAcl5e3So-Bc8Zhly0912NbGD0BYHOg3BOA6Bm1UFz1yUmtq6sldTVf8/s1600/caravana.jpg" imageanchor="1"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="910" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQhyJ6Df8ydImr-u9iT-cxWDZ13vsNr7TZQ1g033OhgtUzxHEiSSYkt4fWBPPndAKfrSGJ6H0KUTTY4r2xVA9lAcl5e3So-Bc8Zhly0912NbGD0BYHOg3BOA6Bm1UFz1yUmtq6sldTVf8/s400/caravana.jpg" width="400" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Pronto, meu amigo! Aí está a cidade que vai fazer você mudar de ideia sobre as Terras Férteis!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tomas segurava as rédeas com uma das mãos enquanto a outra apontava para o horizonte. Cyprien olhou e viu uma aglomeração de casinhas, uma nesga do Mar Interior a curta distância e, mais afastada, uma montanha sobre a qual se erguiam as torres de um castelo. Tinha muralhas, mas não eram grande coisa -- o que, segundo Tomas, se devia ao fato de as guerras terem ficado num passado longínquo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Já não sofremos cerco, ou mesmo ameaça de invasão, há pelo menos duzentos anos, por isso a cidade cresceu fora das muralhas – explicou. – Mas isso não quer dizer que não haja algum controle. Quem vem pelo mar, sendo estrangeiro, deve se registrar na Casa dos Nautas; os que chegam por terra têm que se apresentar no prédio do Conselho. É coisa simples – garantiu, vendo os olhos do amigo se estreitarem. – Você procura um funcionário, diz quem é e o que veio fazer em Vrindavahn. Podemos ir amanhã cedo, você vai ver como é rápido.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Certo – disse Cyprien, com um suspiro. – Se não me arranjarem mais uma pulseira, prometo não reclamar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tomas o encarou por um momento e ficou em silêncio. Cyprien afagou o pulso, que ainda conservava traços de tinta azul, e olhou para a frente, onde a cidade se desenhava cada vez mais nítida. Uma curva do caminho, um declive – e de repente se encontravam nela, as rodas da carroça abrindo sulcos na ruazinha de terra. As casas de ambos os lados eram simples, ainda esparsas, entremeadas a pequenas hortas e, algumas vezes, um galinheiro ou cercado com duas ou três cabras. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Este é um bairro mais pobre – explicou Tomas. – Alguns trabalham nos campos, em torno da cidade; outros são operários, carregadores, empregados de gente abastada. Os mestres artesãos, como meu tio, vivem melhor, embora, é claro, estejam longe de ser ricos. Você vai ver quando chegarmos lá. Ah, não vejo a hora de abraçar o velhote! E quando ele conhecer Stela e Aryan – aposto que vai precisar se conter para não cair no choro!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Cyprien fez que sim, com um breve sorriso. Claro que o velho iria se emocionar ao rever o sobrinho que fora seu aprendiz, homem feito após uma ausência de vários anos, trazendo junto a esposa e um filhinho adorável. Possivelmente o acolheria também, com gosto, ao menos no início, pois Tomas não deixaria de falar bem do jovem saltimbanco que conhecera em Pwilrie e se tornara o mais leal dos companheiros de jornada. Quanto à cidade, com seus outros habitantes... Isso ele ainda estava por comprovar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Percorridas duas ou três daquelas ruas de terra, a carroça passou a rodar sobre uma calçada de pedras, mais regulares e polidas pelo uso à medida que progrediam. As casas se tornaram menos espaçadas; logo surgiram os primeiros sobrados, oficinas de couros e selas, a loja modesta de um sapateiro. Stela, que vinha na parte coberta da carroça com Aryan, se aproximou para espiar entre os ombros do marido e do amigo, e foi a primeira a avistar e apontar o que, segundo Tomas, demonstraria que tinham chegado.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cata-vento</i>! – E era mesmo, plantado sobre as telhas que cobriam uma casinha de tijolos. – É aí que vive o Tio Hector?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Isso mesmo. Fizemos juntos... bem, não esse, mas os primeiros cata-ventos, quando eu ainda era menino – disse Tomas, e em sua voz havia uma nota emocionada. – Com as chuvas e tudo mais, ele acaba se estragando, e o trocamos por um novo. Esse de agora ainda está bom, pelo menos está girando... Ah! Espero que meu tio esteja em casa!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Seus olhos cintilavam, úmidos, quando puxou as rédeas. Cyprien saltou primeiro e recebeu Aryan, quente do sono, dos braços de Stela. Tomas ajudou a esposa a descer enquanto contemplava a casa de sua infância: tijolos sólidos, caiados de branco, telhado diagonal, pás coloridas do cata-vento fazendo crer que ali vivia gente de coração alegre. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Talvez eu faça algo assim</i>, pensou Cyprien, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quando finalmente voltar para casa</i>.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tomas precisou de mais alguns momentos lidando com suas emoções antes de avançar e bater na porta. Por algum tempo não houve resposta, e já ia pegar a aldrava de novo quando alguém se fez ouvir lá dentro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Quem é? – A voz de um homem de idade, um pouco rouca, mas não alquebrada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Sou eu, Tio Hector! – De onde estavam, Stela e Cyprien quase podiam ouvir o coração de Tomas aos saltos. – Seu aprendiz fujão está de volta!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">-- Meu... Ah, meu Deus, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tomas</i>? – Som de metal batendo em pedra lá dentro, chaves tilintando antes de entrar na fechadura: o velho homem devia estar tremendo, emocionado. – Espere, filho, espere! Já vou conseguir... Ah, Tomas! – exclamou o Tio Hector, por fim abrindo a porta e os braços para o sobrinho. Tomas caiu neles sem hesitar, e demorou um bom tempo até que os outros pudessem ver direito o rosto do velho, de faces escanhoadas, bochechas um pouco flácidas e olhos azuis repletos de lágrimas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">***</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><i>Imagem do post, de uso livre: reprodução de carro medieval</i></span></div><br />
<br />
<b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2020/01/um-artista-no-castelo-parte-2.html">Parte 2</a></b><br />
<br />
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-6201083085709485402020-01-13T09:17:00.000-08:002020-01-13T09:17:14.332-08:00Theoddor de Vrindavahn<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp0clh-wauEWLMQB7jTIm0MNK9mpvKSEwuijJ0mmdyDqLuehTYyHGi-YEu2tR8zqDCE04z2J7NGY_rkigLYiGBfjJR1LJkA9SgcLOG2rUkN_lGiRR7qITW4dBySQAzJirbhKHXD_49SYQ/s1600/THEODDOR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp0clh-wauEWLMQB7jTIm0MNK9mpvKSEwuijJ0mmdyDqLuehTYyHGi-YEu2tR8zqDCE04z2J7NGY_rkigLYiGBfjJR1LJkA9SgcLOG2rUkN_lGiRR7qITW4dBySQAzJirbhKHXD_49SYQ/s320/THEODDOR.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
Iniciamos as postagens de 2020 com um personagem que não aparece nos livros, a não ser nas memórias do pessoal do Castelo: Theoddor de Vrindavahn, ou Mestre Theoddor, como geralmente se referem a ele.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
A despeito da população bem miscigenada, Vrindavahn foi fundada por humanos e por eles governada ao longo de várias gerações. Os nobres residiam no Castelo das Águias, detinham os direitos sobre a floresta e recebiam impostos dos cidadãos e dos camponeses estabelecidos em seus domínios. Com a criação da Liga das Terras Férteis, os títulos de nobreza foram revogados, mas alguns privilégios permaneceram, assim como a posse do castelo.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Theoddor, o último herdeiro, tinha pendor para os estudos da natureza, mas o que mais o fascinava era a Magia, por isso ele estudou incansavelmente a fim de tentar ser aceito na <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2014/06/a-escola-de-magia-de-riverast.html">Escola de Riverast</a></b>. Não conseguiu, pois tinha nascido sem o Dom, mas sua trajetória reforçou as convicções de um dos mestres, para quem a Magia podia se desenvolver através da Arte. Seu nome era <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2011/04/camdell-de-riverast-e-escola-de-artes.html">Camdell</a></b>, e ele se tornou um grande amigo de Theoddor, que muitos anos depois o convidou para fundar sua sonhada Escola de Artes Mágicas no Castelo das Águias. Três magos experientes – Finn, Sophia e Thalia --se juntaram a eles com seus aprendizes, e o próprio Theoddor se tornou o Mestre de Ciências da Terra daqueles jovens, bem como de muitos outros que logo começaram a buscar abrigo e aprendizado no Castelo.<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Durante os sete anos que ainda viveu, Theoddor promoveu a expansão da Escola, com a construção de novas alas e, especialmente, a de um anfiteatro para os espetáculos que aconteciam a cada estação. Contratou muitos dos artistas que se tornaram professores fixos na Ala Violeta, entre os quais o marioneteiro Tomas. Era amado por todos, e continuou a ser lembrado com muito carinho nos serões do Castelo, bem como nas Noites de Sagas promovidas por Anna de Bryke. <o:p></o:p><br />
<br />
...<br />
<br />
Em breve: um conto de Theoddor e do (então) jovem saltimbanco <b><a href="http://castelodasaguias.blogspot.com/2017/02/cyprien-de-pwilrie.html">Cyprien de Pwilrie</a></b>, nos primeiros tempos da Escola de Artes Mágicas!<br />
<br />
Ilustração de Theoddor por <b><a href="https://hidarumei-ilustradora.blogspot.com/">Hidaru Mei</a></b> </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-38140840558247008812019-12-23T10:52:00.001-08:002019-12-23T10:52:43.062-08:00Datas Festivas em Athelgard <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA-QnrgRBt956U2dRDjLQO9svypKfBzVdpMivRE79S2Xouq0K7R5YsRRN2L-dsMAj3PzPhz4_XN1o5di7RMJidk8XAAnsW0qfTvNUI8msQ54XyYFx91Jd0WUK247HKZAYoqL2h9UnXUgo/s1600/Bragi.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="627" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA-QnrgRBt956U2dRDjLQO9svypKfBzVdpMivRE79S2Xouq0K7R5YsRRN2L-dsMAj3PzPhz4_XN1o5di7RMJidk8XAAnsW0qfTvNUI8msQ54XyYFx91Jd0WUK247HKZAYoqL2h9UnXUgo/s320/Bragi.png" width="275" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para falar dos dias festivos em Athelgard, é preciso lembrar
que lá existem várias culturas: a dos humanos, com muitas variações, inclusive
influência élfica nas Terras Férteis; a dos Elfos Brilhantes no sul e nas
cidades que fundaram no Norte; as dos Elfos das florestas, diferentes de tribo
para tribo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nesse contexto, cada povo e cada localidade tem suas próprias
festas, embora algumas ocasiões sejam lembradas por praticamente todos os
habitantes de Athelgard. Isso vale especialmente para o início das estações, marcadas
por celebrações que variam de rituais mágicos a cultos celebrados pelos Prestes
do Deus Único, passando por autos teatrais, festas da colheita, reuniões com
bebida e troca de presentes... ou, em lugares de confluência como o Castelo das
Águias, um pouco de todas essas coisas juntas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A religião adotada pela maior parte dos povos humanos (e
mestiços de elfos criados na cultura humana) cultua heróis como Woden, Thonarr,
Freya e Bragi, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e cada qual tem o seu dia
ou período de festa específico. O dedicado a Freya coincide com os últimos dias
de um ano e os primeiros do seguinte, quando muitas mulheres fazem
peregrinações aos locais de culto para orar pelas bênçãos da Senhora do Amor e
do Casamento; o de Bragi, no meio do ano, costuma ser a ocasião para grandes
festas e cultos que incluem muita música e cantos sacros. Por essa mesma época,
os Elfos Brilhantes têm o Festival do Fogo, em que é costume recorrer aos magos
da alma para uma consulta sobre a melhor atitude a tomar frente às
probabilidades do futuro vislumbrado nas chamas. E, em todas as tribos das
florestas, os xamãs têm um período de recolhimento durante a última lua nova de
outono. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os festivais populares, menos associados às religiões e mais
aos labores cotidianos, também têm sua vez em Athelgard. É assim que em
Pwilrie, famosa por seus vinhedos, o ano se inicia com um grande Festival do
Vinho, com desfiles organizados pelas guildas de artistas e comerciantes e onde
se fazem os maiores negócios envolvendo a bebida; no Oeste, as cidades se
revezam ao longo da primavera, verão e parte do outono para organizar grandes
mercados, com festas e comemorações na maioria das noites; em todo o Norte há
festas da colheita de trigo, do início da temporada de caça e que comemoram o
rompimento do gelo nos mares, lagos e rios. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E quanto a Vrindavahn? Lá, como vimos, a Mestra de Sagas do
Castelo das Águias faz questão de honrar diversas tradições nas comemorações de
solstício, quando os aprendizes encenam uma peça; mas as tradições do Templo
são levadas muito a sério na cidade com maioria de humanos, especialmente as
festas de seu Herói patrono, Bragi. Além dos cultos musicais, é nessa época do
ano – o auge do verão – em que famílias e amigos trocam presentes, sendo o mais
tradicional um poema ou canção, que pode ser composto, cantado, recitado,
bordado num pano de linho ou escrito sobre pergaminho decorado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Alguém sugere um presente para a Anna dar ao Kieran, e
vice-versa, no próximo Festival de Bragi? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fico à espera... para usar num próximo conto. ;) </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ilustração: Bragi, deus nórdico (e Herói em Athelgard) que inspira os bardos e a eloquência. Imagem do Pinterest, não encontrei a autoria. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3467347144942764606.post-40677706329115969062019-09-21T12:24:00.002-07:002019-09-21T12:25:41.392-07:00Em Breve, Viagem LiteráriaPessoas Queridas,<br />
<br />
Passadas a Bienal e a Feira Fantástica, esta semana será de trabalho na BN, revisão de textos e, sobretudo, preparação para a Viagem Literária promovida pelo SP Leituras em parceria com o Estado de São Paulo. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJtR2_hHmEWZh71IFlb_-zfzr66SyECroJJaUpb1xhON-FcVcT3W54uZk2w-qTjpkddTkx_ierm-XbvZ_zL0e5Fvpr1G5yN3pBB1CprvkyGchyphenhyphen2mfAQ7srQcG0cMdksiVBrVKviGrtQIA/s1600/Viagem+Liter%25C3%25A1ria+cidades.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="797" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJtR2_hHmEWZh71IFlb_-zfzr66SyECroJJaUpb1xhON-FcVcT3W54uZk2w-qTjpkddTkx_ierm-XbvZ_zL0e5Fvpr1G5yN3pBB1CprvkyGchyphenhyphen2mfAQ7srQcG0cMdksiVBrVKviGrtQIA/s400/Viagem+Liter%25C3%25A1ria+cidades.jpg" width="332" /></a></div>
<br />
Ao longo de três dias, irei visitar cinco bibliotecas municipais falando sobre meus livros e sobre Literatura Fantástica. Também pretendo divulgar, de leve, nossas atividades na Biblioteca Nacional. Será uma pequena Odisseia da qual, mais tarde, pretendo postar fotos e impressões. Ao longo da viagem, porém, irei dando notícias pelas redes sociais, por isso os convido a me acompanhar no <b><a href="https://www.facebook.com/analucia.merege">Facebook</a></b>, <b><a href="https://twitter.com/anamerege">Twitter</a></b> e/ou <b><a href="https://www.instagram.com/anamerege/">Instagram</a></b>. <br />
<br />
Pela Magia e pela Arte - o pé na estrada eu vou botar! Anahttp://www.blogger.com/profile/07860675535435356307noreply@blogger.com0