quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Terras Que Não Estão no Mapa



No intervalo entre duas etapas do trabalho com o próximo livro - acabei de reescrevê-lo, aguardo a leitura crítica para os retoques finais - meu trabalho principal vem sendo uma novela protagonizada por Thorold, o pai da Freydis e atualmente conselheiro da cidade de Vrindavahn.

Quem leu o primeiro livro da série deve se lembrar de que Thorold não é natural da cidade, nem mesmo das Terras Férteis. Anna - que até agora não viajou muito, mas leu dezenas de livros ilustrados - diz que ele parece "um bárbaro das Terras Geladas". A novela que escrevo agora vai mostrar que é quase isso, e também mostrar os costumes da gente naquele lugar, que o nome já entrega como sendo baseado no universo dos vikings; mas, se você for olhar no mapa... Caramba. Onde estão as Terras Geladas?

Pois é, Pessoas. Para grande frustração minha, as Terras Geladas não existiam claramente na minha cabeça quando desenhei o mapa. Digo frustração porque imagino que alguns leitores se darão ao trabalho de procurá-las, e eu queria que estivessem lá para facilitar o entendimento, mas não estão. Por outro lado, considero positivo o fato de o universo não estar completamente mapeado, pois isso significa que ele ainda se encontra em expansão - e, sendo assim, muitas histórias podem surgir quando e onde menos se espera.

Reforçando esse argumento, eu ia falar sobre outras terras que não aparecem no mapa de Athelgard, mas então me lembrei de que a história de sua criação foi explicada ao escritor A. Z. Cordenonsi e reproduzida num excelente artigo. Deixo aqui o link e o recomendo a quem quer que se interesse por cartografia fantástica.

Quanto às Terras Geladas, se isso interessar à minha dúzia e meia de leitores, não é difícil imaginar onde estão. Na porção noroeste do mapa, localizem o Cabo Svaltarr, passem bem longe de Pengell - onde estão os tiranos mais malvados de Athelgard - e subam, sempre pelo litoral, até a região do Bosque dos Sons. Lá vive uma tribo de elfos que vocês só conhecerão no Livro 3 e terminam os domínios dos Jarls como o tio de Thorold, Sigurd Barbagris.

Boa viagem!

Ilustrado com um mapa da antiga Islândia (e alguns supostos monstrinhos) em homenagem aos vikings deste mundo de cá.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Diários da Reescrita 4: A Expansão do Universo


Pessoas Queridas,

Depois de quase três anos, eis que chegamos ao centésimo post deste blog. Isso é um motivo para comemorar - em breve teremos outros, bem concretos - mas também de uma parada estratégica, facilitada pelo término de uma etapa do trabalho, a fim de avaliar o que tem sido feito e pensar no futuro. Principalmente essa segunda parte, já que, ao longo do trabalho de reescrita, muitas ideias foram surgindo para o futuro de Athelgard e de seus habitantes.

Não sei se o livro conseguiu transmitir essa ideia - a maior parte das resenhas afirma que sim - mas o Castelo das Águias é apenas um dos cenários desse universo. Como se pode ver pelo mapa, há muito mais, e algumas das outras regiões foram não apenas mencionadas no romance mas também visitadas em contos e novelas, como O Jogo do Equilíbrio. Ali não há elfos nem magos, mas uma sociedade humana de costumes bem diferentes, permitindo outros voos narrativos e consequentemente uma experiência diferente para quem lê.

O cenário do Jogo será retomado em breve, em contos e possivelmente uma nova série, que depois irá se entrelaçar com a do Castelo das Águias. Esses são planos a médio prazo. No entanto, quando se faz da escrita uma profissão é preciso ter foco, e o foco no momento é traçar diretrizes para trabalhar no terceiro volume da série atual.

Um insight a esse respeito surgiu em conversa com meu editor, Erick Santos, durante a II Odisseia de Literatura Fantástica. Ao me ouvir afirmar que o primeiro livro se passa apenas no Castelo das Águias e os demais em outras regiões, e que os conflitos pessoais de Anna e Kieran dividirão espaço com questões maiores (que seria de uma série de Alta Fantasia sem o tema Luz X Trevas?), o Erick afirmou: "Mas isso é que é legal. Afinal, se for para ficar em um lugar só, por que criar todo um universo, para que um mapa?"

E foi aí que eu me toquei de que era verdade. Se optasse por ficar num lugar só, trabalhando (mesmo que os aprofundasse) os personagens que criei no primeiro livro, eu estaria perdendo a oportunidade de apresentar a meus leitores um universo bem mais vasto, sem falar na chance de me divertir e me deleitar em cenários outros que aqueles vislumbrados das janelas do Castelo das Águias. O Kieran, que como diz uma amiga minha é "um cara cansado de guerra", talvez não se importasse muito, mas a Anna se rebelaria, sem falar no Thorold, na Freydis, no Cyprien e demais saltimbancos e no... Não. Vou resistir a falar sobre ele, que afinal só deve aparecer nas sagas do Castelo daqui a um tempinho e revolucionar tanto a Magia quanto a Arte.

Mas a resistência é só por aqui. Só pra não ter spoiler, que realmente é um negócio chato. Nos meus cadernos, nos arquivos do laptop que armazenam material para histórias futuras e principalmente na minha cabeça, já rolam muitas histórias sobre esse e outros personagens. Athelgard, de que os mais sábios dos elfos ainda não conhecem a metade, foi inteiramente palmilhada e o futuro se desenrola por gerações de descendentes dos personagens de agora.

Um dia - eu espero - partilho tudo isso com vocês. :)

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Athelgard é um universo fantástico construído a partir de referências múltiplas, mas a base principal são os mitos nórdicos. Assim, ilustramos este post com uma representação dos Nove Universos da mitologia escandinava, que tiramos daqui.