Eu gostaria de dizer que o livro está mais adiantado do que previa o cronograma, mas, infelizmente, não é bem assim. Ainda estou com algumas dúvidas no andamento da trama e várias coisas na cabeça. Aos poucos, entretanto, o nó vai se desfazendo -- e, já que eu me propus a compartilhar alguns trechos, aqui vai um bem emblemático.
Vesgo passou a toda por cima do poço e voou, decidido, em direção à cortina de cipós. Atravessou-a tão rápido que Orlando nem teve tempo de se assustar, pensando que ele podia errar a mira e se esborrachar contra a parede de pedra.
-- Olhe, Grobs! O
falcão voltou! – exclamou a voz estridente.
-- É o meu falcão –
Orlando falou alto e avançou com a espada em punho.
-- Ah, então ele foi
chamar você! Eu falei, não falei, Burni? Eu disse que esse falcão tinha cara de
esperto! – afirmou o outro, animado. Agora o menino estava perto o bastante
para vê-lo, deitado de lado na caverna, com a cabeça perto da abertura. Era um
homem grandalhão e muito feio, com um nariz que parecia um nabo e um queixo
enorme. Seu companheiro estava ao lado, um sujeito baixinho, louro, de barba
comprida. Os dois estavam amarrados com cipós, que se enroscavam em torno deles
desde o pescoço até os pés. Parecia bem incômodo.
-- Olá, rapaz. É um
prazer vê-lo aqui, como pode imaginar – disse o baixinho, com uma careta. – Se
puder nos soltar, ficaremos eternamente gratos.
-- Mas seja rápido, por
favor – pediu o outro, que tinha Vesgo empoleirado no ombro. – Antes que
anoiteça e eles voltem.
-- Eles, quem? –
perguntou Orlando. – Por que estão amarrados desse jeito?
-- Porque estamos em
viagem, paramos aqui para passar a noite e um casal de trolls apareceu enquanto
dormíamos – resmungou o baixinho. – Bateram na cabeça do Grobs, e ele apagou na
hora. Aí, caíram em cima de mim, e não consegui me livrar deles. Felizmente
estavam de barriga cheia, mas isso só adiou as coisas: eles saíram de
madrugada, dizendo que iam buscar amigos e estariam de volta para o jantar. E
adivinhe o que vão servir.
-- Posso imaginar. –
Orlando sentiu um frio na espinha.
-- Mas isso se você não
ajudar a gente – disse o grandão. – Você vai, não é? Por favor! Nós tentamos
nos soltar, sair daqui nem que fosse rastejando, mas estamos feito duas
salsichas, amarrados de cima a baixo. E não apareceu mais ninguém, o dia todo!
-- Pois é. Que sorte o
seu falcão ter vindo, e você atrás dele – disse o menor. – Agora é só usar essa
espada e zás! Você nos solta fácil, fácil!
-- Sim, mas... mas
acontece que esta é uma espada de treino – confessou o garoto. – Não está
afiada, não posso usá-la nos cipós. Mas fiquem calmos! – acrescentou, vendo a
aflição nos olhos dos dois. – Esperem só um pouco, eu vou correr até onde está
meu irmão, e ele...
-- Não vai dar tempo! O
sol já vai se pôr! – exclamou o baixinho, nervoso. – Assim que escurecer, os
trolls vão sair de onde quer que estejam e voltar para nos pegar. Escute, se
sua espada não corta, veja se encontra o meu machado. Acho que eles não o
levaram, como fizeram com a espada de Grobs. Depressa, antes que eles voltem
com os convidados!
*****
Como viram, Orlando e Vesgo estão ajudando pessoas em apuros... e, ao que tudo indica, prestes a se meter em outros ainda maiores! Onde vocês acham que isso vai dar?
Leiam e, se possível, comentem, quero muito saber como estou me saindo!
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